quinta-feira, 21 de outubro de 2010

HISTÓRIA DE PALHAÇO









                                                       Histórias de palhaço


(10 de janeiro de 2006) -

Entre os artistas circenses existe um adágio que diz que todo palhaço é ladrão de mulher. No caso de Francisco

Domingos da Costa, o famoso Carrapicho, 55 anos, o problema não foi roubar mulher e sim, quase se envolver,

involuntariamente, num caso de incesto. Conquistador nato, ele estava na portaria do circo, quando uma morena vistosa

aproximou-se e puxou conversa. O caso já ia descambando pra namoro e a moça até já havia convidado o palhaço

para conhecer a família dela. Tudo estaria bem se o rapaz não perguntasse qual era a cidade onde moravam os futuros

sogros. Checando nomes e parentescos os dois provaram que eram irmãos.

Essa estranha love story se passou numa cidade do Brejo da Paraíba. E a pretensa namorada de Carrapicho, agora sua

irmã, era uma garotinha que começava a engatinhar quando, 20 anos atrás, o mano saíra de casa. "Perdi uma namorada

mas ganhei uma irmã. Ela foi a mensageira que Deus mandou para que eu voltasse ao seio da minha família", lembra

Domingos. No dia seguinte, ele e a irmã foram visitar os pais numa cidade vizinha. E a idéia de namoro nunca mais

passou pela cabeça de nenhum dos dois.


São histórias de circo. Ou melhor, do palhaço do Alana Circo, atualmente armado em Cuitegi, na região do Brejo, a 110 Km

da Capital. Aliás, Carrapicho não nasceu palhaço. Na sua juventude, ele trabalhava com o pai, o velho Tarzã Moreno e

um irmão, José Fragoso, este sim, o palhaço de um circo mambembe. Carrapicho era o trapezista. Um dia, o palhaço

Formiguinha saiu para jogar bola e não voltou a tempo de fazer seu número no espetáculo. Tarzã, homem de princípio

ético muito rígido, não contou história: olhou para Domingos e ordenou que ele fosse fazer o povo rir de qualquer maneira.


Tarzã deu a ordem e correu para o picadeiro. Em seguida, anunciou o palhaço Carrapicho, que entrou em cena ainda

vestindo a roupa de trapezista por baixo das ceroulas de palhaço. Deu-se bem. Permaneceu no ar por algum tempo.

Depois, afundou o pé na terra e, até hoje, nunca parou de fabricar gargalhadas. Carrapicho não decora texto. Tudo que

sai no picadeiro é fruto de sua fértil imaginação. Com ele, a platéia solta o riso por qualquer coisinha. E haja piadas para

a platéia, que as rebate de qualquer maneira.


O espetáculo começa com o próprio Carrapicho anunciando as atrações: "Atenção, senhores, vai para o palco, agora, a

garotinha Sandrinha". A menina, com seus 16 anos, dança uma espécie de rumba. O público aplaude. Sandrinha

retribui com risos. Acaba o número. Aí Carrapicho entra em cena, convidando dois rapazes para uma brincadeira. Os

voluntários caminham até o centro do picadeiro. O palhaço começa: "Solteiros, casados ou veados?" O público faz opção

pelo último substantivo. A essa altura a vergonha já passou e os voluntários rebatem as piadas da platéia. Todos se

divertem. No entanto, nem só de alegrias vivem os palhaços.


Em Alagoinha, no meio de uma dessas brincadeiras, um rapaz xingou a mãe de Carrapicho. O palhaço deu o troco com a

mesma moeda. No final da noite, ao sair a última pessoa, o cara estava lá, na rua, desafiando Carrapicho para uma

briga. O palhaço usou a cabeça: pediu desculpas e ainda perguntou: "Ô, cara, você vai ligar para brincadeira de palhaço?"

O rapaz aceitou a dica de paz e desistiu da briga. Outra vez, em Pilões, no meio do espetáculo, uma notícia ruim: o cara

entrou depressa no circo, procurou Carrapicho e disse que seu pai, Tarzã Moreno, havia morrido.


Aos 9 anos, Rufino Costa


foge de casa para o circo


José Rufino da Costa, 37 anos, é o dono do Alana Circo. Além de empresário circense ele também faz o papel do

palhaço Pára-choque, autor de histórias que fazem qualquer um morrer de rir. Uma delas. Ele trabalhava num circo onde

o patrão não gostava de pagar. Principalmente a ele, Pára-choque, uma das principais atrações. Depois de discutir com o

chefe, Pára- choque saiu durante a madrugada com a família. O circo ficou com o espetáculo desfalcado.


Pára-choque já viveu com 29 mulheres. Mas, nos últimos 13 anos, amarrou-se com Adaílsa, 28 anos, uma das

bailarinas do Alana Circo. Os dois se conheceram em Esperança (PB). Adaílsa havia arribado com o circo em Barra de

Santa Rosa. Sessenta e um quilômetros adiante Rufino convidou-a para ser a madrinha de uma noiva de casamento

junino, onde Rufino era o próprio noivo. Na hora do casamento de mentirinha, Rufino resolveu que a noiva ia ser Adaílsa.

"Foi quando ela virou noiva de verdade", conta ele.


Parou aí? Não. Rufino, igual ao seu amigo Carrapicho, tem a vida centrada em altos e baixos. Aos nove anos fugiu de

casa, para trabalhar como auxiliar do dono do Circo Continental, que armara em Dona Inês, na região do Brejo, para

uma temporada. Isto foi em 1977. O camburão da polícia foi buscá-lo nove vezes. Igual número de vezes ele voltou

para o circo. Terminou ficando de vez.


Atirador de facas e trapezista


Hoje, Pára-choque dirige seu próprio circo. Gradativamente ele vai substituindo a velha empanada, por coloridas tiras de

lona leve. Para cobrir o circo todo, são necessários R$ 8 mil. Pára-choque acredita que chegará lá. Sua melhor noite

de faturamento foi de R$ 150,00, quando a Prefeitura de Cuitegi patrocinou um espetáculo de portas abertas. Já

juntou uma platéia grande, que rendeu féria de R$ 200,00, com o ingresso a R$ 1,00. Se, um dia, o circo encher

totalmente, o apurado chega aos R$ 600,00. Por enquanto, isto ainda não aconteceu.


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