sexta-feira, 30 de novembro de 2012



BRASÃO E HISTÓRIA DOS ARAUJOS



Araújo (sobrenome)
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.


Brasão de armas da família Araújo
A palavra Araújo é oriunda do complexo linguístico galego-português, formado pelo antigo falar do português do Norte e pelo galego. Também se escreve Arujo e deriva do nome Araúja, uma árvore. Possivelmente Rodrigo Anes de Araújo, senhor do Castelo de Araújo, na Galiza, foi o primeiro a adotar o apelido Araújo; e seu bisneto Pedro Anes de Araújo se passou para o Reino de Portugal, em torno de 1375, tendo sido o primeiro Araújo de Portugal. A evolução histórica do português do Norte e do Galego deu origem ao moderno português.
A origem desta família não é bem conhecida, pois se lhe atribuem diversas: os Azaz, os Maias, o francês João Tiranoth, e outras.
Rodrigo Aires de Araújo casou com D.Maior Álvarea de Aza, sua parenta, filha de D.Rodrigo Álvares de Aza e de sua mulher, D.Maria Pires de Ambia, casamento que Manso de Lima considera improvável. Deste Rodrigo Anes descenderam os Araújos de Galiza, onde foram senhores de muitos lugares, Vasco Rodrigues de Araújo e de sua mulher, o qual era neto do primeiro Rodrigo Anes, passaram a Portugal, cujos reis serviram e foram progenitores das famílias destes apelidos existentes no Minho ou desta província derivadas.
O Bispo de Malaca, D.João Ribeiro Gaio, dedicou aos "Araújos", esta quintilha:
Através de Bitorinho
tem sepulcros já gastados
Araújos afamados
na terra que rega o Minho,
antigos, abalisados.
Manuel de Sousa da Silva escreveu a seguinte:
Lá de Lobios de Galliza
Vieram para Lindoso
Os de gremio valoroso
de Araújo por guiza
Que foi cá mui poderoso..
[editar]Armas

As armas usadas em Portugal, são: de prata, com aspa de azul carregada de cinco besantes de ouro, postos em aspa. Timbre: meio mouro, sem braços, vestido de azul e fotado de ouro ou a aspa do escudo. Os Araújos, alcaides-mores de Lindoso, usaram talvez armas diversas, semelhantes às dos Veloso.




O sobrenome Araújo não tem significado definido e é de origem toponímica, surgiu na Galiza, uma região ao norte da Espanha que faz divisa com Portugal, lá estava o Castelo de Araújo, que denominou as regiões ao seu redor, as pessoas vindas destas regiões adotaram o apelido Araújo, este se espalhou pelas terras banhadas pelo rio Minho chegando às terras portuguesas.







BRASÃO E HISTÓRIA DA FAMILIA BARROS



História

Nome de origem toponímica, parece tirado do lugar de Barros, no concelho de Regalados, onde vivia, no tempo dos Reis D. Afonso III e D. Diniz, Fernão Dias de Barros. De notar que até ao séc. XVII o apelido de Barros se grafou indistintamente assim, ou como Bairros.

Pretendem alguns linhagistas que o primeiro a usar deste apelido tenham sido um membro da família de Haro, dos senhores da Biscaia.

Armas

De vermelho, três bandas de prata, acompanhadas de nove estrelas de ouro postas uma, três, três e duas.

Timbre: uma aspa de vermelho, carregada de cinco estrelas do escudo.


CASA.



Palácio e Quinta de Valflores que foi pertença da família Barros, descendentes de Jorge de Barros, feitor de D. João III na Flandres. Loures, Santa Iria de Azoia.



Sobrenome de origem portuguesa, considerado como sendo um toponímico, um barro era uma casa ou habitação de um lavrador, pode também ser derivado de uma alcunha, sendo comparado ao sobrenome Barroso "o que tem barros ou espinhas no rosto". Existem documentos do século 13 que citam um certo Domicius Cervejo de Barro. A familia procede do Solar de Barros, do concelho de regalados.

Fonte: http://www.geocities.com.br/carneiroarmarial/ (brasão) - http://www.geocities.com.br/Ibenzi/ (texto)


BRASÃO E HISTÓRIA DOS TORRES


Trata-se do nome adoptado como apelido por uma família de boa nobreza castelhana, da qual passaram ao nosso país em 1528 Diogo e Afonso de Torres, que aqui deram origem a dois ramos da sua linhagem. Brasão: De vermelho, cinco torres quadradas de ouro, lavradas de negro e em aspa. Timbre: uma das torres do escudo, carregada com uma estrela de seis raios de vermelho, sobre a porta.




Torres (do latim, Turris) é um sobrenome muito comum na Espanha e na América Latina (especialmente Argentina, Chile, Venezuela e México). Teve origem em Castela, e as primeiras referências a este sobrenome remontam ao século XI.
Torres é um nome anglo-saxão (Britânico), de não muito valo de nobreza, que significa Impiedoso.
Dizem que todo Torres tem a mesma família pelos seus primogênitos familiares, que não misturavam o sangue Torres absolutamente com ninguém, apenas o difundiam na mesma família até chegar a Península Ibérica. Por questões de fonética teve maior identificação na região Ibérica, e ganhou os nobres em maioria espanhóis, e difundiram na America espanhola no século XV e XVI. Poucos portugueses adotaram esse nome, por isso dizem que também no Brasil existe somente uma família Torres.



BRASÃO DOS LEITES

E SUA HISTÓRIA 1






A mais remota pessoa que se tem notícias usando o sobrenome Leite foi Pedro Leite que viveu em 1258 no norte de Portugal. Há notícia também de um Álvares Anes Leite, que viveu na metade do século XV, em Entre Douro e Minho, Portugal, e que se casou com Filipa de Borges. Eles deixaram sucessão, dando continuidade ao sobrenome Leite.

Alguns membros da família Leite vieram de Portugal para o Brasil com a corte de Dom João em 1807, quando este fugia do bloqueio que Napoleão Bonaparte estabeleceu para aquele país ibérico. Na esquadra real, composta de 36 embarcações, vieram cerca de 15 mil pessoas. Consta, ainda, que essa família Leite se fixou no Nordeste brasileiro.

O historiador e pesquisador, de Pesqueira, José de Almeida Maciel afirma[i]: “a tradicional família Leite, de Sanharó ainda hoje ali preponderante, senão pelo poderio ou pela situação econômica ao menos como superioridade numérica na árvore genealógica”

Pelas pesquisas que efetuamos, chegamos à mesma conclusão daquele historiador. Exagero à parte, pode se afirmar, em Sanharó, quem não é Leite tem um parente Leite.








BRASÃO DOS LEITES 2

E SUA HISTÓRIAS



Personalidades da História de Sanharó/Zé Leite – Por Leonides Caraciolo





ZÉ LEITE


Capela de Sanharó/1930






José Leite Calado, nome de uma rua de Sanharó, era conhecido como Zé Leite, de cujo pai não conseguimos informações precisas. De seu vaqueiro obtivemos a informação de que o pai de Zé Leite chamava Antônio, que morava na fazenda Maniçoba. Pelas informações sobre os filhos João Alves Leite, há um com o nome de Antônio Leite Torres Galindo. O sobrenome Torres Galindo, da família Leite, de Sanharó, desapareceu com o passar dos anos.




Estação Ferroviária/ inaugurada em 1906

Zé Leite possuía uma das melhores fazendas da sua época (começo do século XX) no sítio Santa Maria, com boas instalações de casa, curral e armazém, que ainda hoje existem e pertencem a Manoel Alves de Andrade (Neco de Marsonila), casado com Vespinha, neta de (N3) José Leite.
José Leite casou em primeiras núpcias com Maria Frazão Leite, sucessão:


Brasão da Família Leite-II
F1 – Cícero Leite
F2- Minervina Leite, casada com Artur Lopes Frazão( Artur Mel):
N.2.1. – Boaventura, casado com Ivanise Melo.

N.2.2 – Gaspar, casado com Joanita Silva.

N.2.3 – Maria Vésper (Vespinha), casada com Manoel Alves de Andrade (Neco de Marsonila).
N.2.4 – Maria Eunice, casada com José Arnando da Silva,
N.2.5 – Clotário, casado com Maria Regina de Aquino:
Bn.2.5.1 – Maria Ozenice, casada com José Jurandir de Carvalho,
Bn.2.5.2 – Osvaldo de Aquino Frazão, casado com Elenieta Maria Batista:
Tn.2.5.2.1 – Leila Viviana, casada com Erivaldo Inojosa Barreto Júnior,
Tn.2.5.2.2 – Tereza Veridiana.
Tn.2.5.2.3 – Taís Mary, casada com Alexandre de Melo, sucessão: Théo Batista Frazão Melo.

F3 – Quitéria, casada com Vicente Barbosa de Belo Jardim.
F4 – Eulinda, casada com Euclides, de Belo Jardim, sucessão: Rui, José Lins e Terezinha Lins que foi professora em Sanharó.
F5 – Maria José, casada com Alceu.

F6 – Marinha, (?) há sucessão.
F7 – Adélia, sem sucessão.
F8 – Creuza, sem sucessão.
F9 – Moisés.
F10 – Antônio, casado com Nilza Calado, sucessão: Fátima.
Zé Leite, em segunda núpcias, casou com dona Belinha:
F11 – Inaara Vieira, casada com José Medeiros, há sucessão:
F12 – Iolanda, casada. Há sucessão.
F13 – Joselina, casada com Rubem Maciel, há sucessão
F14 – Maria do Socorro, solteira.

NOTA DO EDITOR – Zé Leite foi um próspero comerciante em nossa cidade. Sua loja ficava ali onde hoje é a Fármacia São pedro de Célio Freitas. Foi dos primeiros a possuir um automóvel que era guiado pelo seu neto Hilton de Araújo Leite, filho de Cícero Leite. Conta-se muitas histórias de Zé Leite e suas manias. De certa feita, Hilton foi à feira de Mutuca e na volta, todo animado, revelou seu contentamento: “Vovô, a feira foi de primeira. Vendemos quase tudo”. No que o velho retrucou: “grande coisa! E o meu estoque. Acabaram com meu estoque…”. De outra feita, precisava dar marcha à ré no carro e o avô gritou logo: “de jeito nenhum . Carro meu so anda pra frente!”. Ao mandar Hilton à Pesqueira, para comprar tecidos, pediu a uma pessoa da sua inteira confiança que o acompanhasse. Essa pessoa era seu compadre Zé Timóteo. Ao retornarem, perguntou ao seu compadre, qual teria sido o comportamento de Hilton, na direção do automóvel. Zé Timóteo na sua singular humildade, respondeu que não entendia nada de velocidade de carro. O que tinha a dizer era somente que as plantas ao lado da estrada. “As grande ficaram pequenas e as pequenas, sumiram…”. Claro que Hilton levou uma sonora “butada”, sob a feroz ameaça de não mais dirigir o “bicho”. Paulinho Muniz

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BRASÃO DOS MESQUITAS

E SUA HISTÓRIA



Na lenda genealógica, a origem dos Mesquita está associada ao feito de cinco irmãos que na tomada de Arzila usaram os seus cintos, presos uns aos outros, para entrar na mesquita onde os sitiados se defendiam. Este feito teria levado o rei a dar-lhes o chamadouro «da Mesquita» e a conceder-lhes armas novas que contavam esse feito. E, de facto, as armas dos Mesquitas são: de ouro, cinco cinturões de vermelho postos em banda, cada qual com fivela, biqueira e três tachões de prata, com as fivelas para cima; bordadura de azul, carregada de sete flores de lis de prata. Timbre: meio mouro vestido de azul, toucado de um turbante de prata e tendo na mão uma lança de sua cor.
Resta saber se foram aqueles feitos que originaram as armas, como inegavelmente parece, ou se foram estas que suscitaram a estória… A verdade é que não existe semelhante carta de armas novas, o que indica que os ditos irmãos, a existirem, já eram nobres, como se entende, e que o feito teria sido pelos próprios acrescentado às suas armas originais, como era privilégio medieval da nobreza. O que permite supor que as suas armas originais seriam compostas, no mínimo, por flores de lis, que permaneceram na bordadura. E com este acto assumiram o nome da Mesquita, que passaram aos seus descendentes.
Do ponto de vista heráldico isto podia ter acontecido, tanto mais que as armas não parecem muito anteriores ao séc. XV. Mas pode a Genealogia comprovar minimamente esta lenda? Não a Genealogia tardia e mistificada, de que Felgueiras Gaio é o expoente mais conhecido, nem mesmo os trabalhos recentes que dão essa “verdade” por adquirida [1] , mas a documentação primária com que a verdadeira Genealogia se cose.
Desde logo, a documentação disponível pode negar que aquele feito, a ser verdadeiro, pudesse ter acontecido na tomada de Arzila, que se verificou em 1471. Nem na conquista de Alcácer Ceguer, em 1458. Pela simples razão de que já em 1438 se documenta um Álvaro Anes de Mesquita, morador em de Lamego, que, conjuntamente com Martim Lourenço, tinha fugido a uma ordem de prisão do juiz da dita vila, no que tinha sido considerado culpado um João Pires, a quem D. Afonso V perdoou por carta de 10.12.1438.
Este Álvaro Anes de Mesquita devia ser irmão de D. Pedro Anes de Mesquita, deão, chantre, arcediago e cónego da Sé de Viseu, bem documentado tronco dos Mesquita desta cidade, que faleceu velho entre 1500 e 1507 e que nasceu cerca de 1417. A isto acresce que as genealogias quinhentistas visienses [2] dão a este D. Pedro Anes um irmão Martim, e em 1452 documentam-se dois indivíduos ligados entre si, Lodomeu Martins de Mesquita e Álvaro Martins de Mesquita. O primeiro é apresentado pelo rei, por carta de 10 de Julho, como prior da igreja de Santa Maria de Miranda, do arcebispado de Braga. O segundo é apresentado pelo mesmo rei, 15 dias depois, para a mesma igreja de Santa Maria de Miranda de Trás-os-Montes do arcebispado de Braga, em substituição de Frei Lodomeu, abade do mosteiro de Crasto de Avelãs. Estes dois clérigos, que tudo indica que fossem irmãos, não podiam ter nascido muito depois do início do séc. XV.
Como veremos adiante, outras provas se podem juntar a estas, todas apontando para que o nome Mesquita tenha aparecido pelo menos em 1438 e que as primeiras pessoas que o usaram tenham nascido no início do séc. XV. Sendo também verdade que antes de 1438 não encontrei ninguém com esse nome.
Portanto, se aceitarmos a estória dos cinco irmãos temos de a recuar para o desastre de Tanger, em 1437, cujo negativo desfecho talvez tenha feito esquecer aos cronistas o isolado acto de bravura de cinco jovens irmãos, que assim ficou apenas na memoria oral e que os próprios quiseram recordar na heráldica e no nome que então adoptaram.
Sabe-se que a 13.9.1437, sem esperar pelos reforços que D. Duarte planeara enviar, o infante D. Henrique, comandando uma força de apenas cinco mil homens, chegou a Tânger e montou acampamento longe do mar, onde a frota comandada pelo seu irmão D. Fernando tinha já ancorado, chegada igualmente de Ceuta. O primeiro assalto deu-se só no dia 20, quando o governador Salat ben Salat, antigo governador de Ceuta, já se preparara fortemente para a defesa, pelo que o ataque foi infrutífero, principalmente porque as escadas de assalto que levaram eram curtas e as portas tinham sido fechadas a pedra e cal. Vários outros assaltos se seguiram, principalmente depois de terem sido pedidas escadas maiores a Ceuta, mas então eram já centenas de milhar os mouros que defendiam a praça forte de Tânger e toda a sua envolvente, que a breve prazo cercaram o acampamento português e o obrigaram à rendição, impondo a devolução de Ceuta e ficando o infeliz infante D. Fernando prisioneiro, como penhor deste acordo.
Esta circunstância de os primeiros ataques terem falhado por as escadas de assalto serem demasiado curtas, lembra imediatamente o recurso dos cintos, ligados uns aos outros, como forma de assaltar a mesquita. Poderiam desta forma os cinco irmãos ter tomado uma mesquita junto ou nas imediações da praça forte, que depois as circunstâncias gerais do malogro obrigaram a abandonar? É perfeitamente possível, como é compreensível que, face ao desastre de toda a iniciativa e o posterior sacrifício do infante D. Fernando face à recusa de D. Duarte em entregar Ceuta, não ficasse espaço aos cronistas para salientar esse acto heróico mas afinal inútil, que vinha contra o sentido geral da narrativa. Mas também se entende que o feito dos cinco irmãos tenha ficado na memória daqueles homens e que eles passassem a ser conhecidos como «os da Mesquita». Considerando a mentalidade da nobreza de então, este verdadeiro troféu de guerra era suficientemente importante para que estes cinco irmãos, seguramente da pequena nobreza, não deixassem de orgulhosamente o adoptar, quer no nome quer nas armas, assim fundando, afinal, uma nova linhagem.
Mas, para que esta estória possa ser minimamente comprovada, resta saber, tendo em conta o que se pode reconstituir da genealogia dos Mesquita iniciais, se a existências destes cinco irmãos pode no concreto ser aferida, pelo menos em parte. O que sabemos é a existência de pelo menos três ramos Mesquita, todos usando as mesmas armas: os de Viseu, os de Guimarães e os de Trás-os-Montes. E todas as genealogias apontam como o mais antigo da família um Estêvão Pires da Mesquita, que dizem senhor do couto e torre de Vilar de Maçada, cuja filha Inez Esteves da Mesquita casou com Martim Gonçalves Pimentel, segundo uns filho do 1º conde de Benavente D. João Afonso Pimentel, segundo outros filho natural do comendador da Ordem de Avis Álvaro Gonçalves Pimentel.
A documentação que consegui reunir comprova que Estêvão Martins da Mesquita assim se chamou e viveu em Vila Flor no séc. XV. Também se documentam seus filhos Lopo Esteves da Mesquita e Inez da Mesquita, tendo esta casado com Martim Gonçalves, escudeiro, escrivão das sisas de Vila Flor, que vem como «Martim Gonçaluez de Villa Frrol», casado com Inez da Mesquita, moradores em Vila Flor (Villa Frrol), quando a 23.9.1452 seu filho Álvaro tirou ordem menores em Braga. Embora este Martim Gonçalves nunca se documente como Pimentel, teve contudo um filho chamado Luiz Pimentel, que a 19.2.1481 foi nomeado para o cargo de escrivão das sisas de Vila Flor, com direito ao mantimento, em substituição de seu pai Martim Gonçalves, escudeiro, que renunciara por instrumento público de 19.1.1479. Tendo em conta que as genealogias atribuem àquele casal Martim Gonçalves Pimentel e Inez Esteves da Mesquita um filho Luiz, a que chamam Luiz Martins da Mesquita, parece evidente que se trata do mesmo, tanto mais que este tirou ordens menores como Luiz Martins. O que nos permite também identificar o Martim Gonçalves, criado do duque de Bragança, morador em Vila Flor, que a 19.4.1454 D. Afonso V nomeou para o cargo de escrivão das sisas do dito lugar, em substituição de João Martins, que renunciara. E ficamos também a saber que faleceu antes de 31.5.1481, pois nesta data o mesmo rei nomeou Martinho Anes do Benlhevai (nome notável!) para o cargo de escrivão das sisas de Vila Flor, em substituição de Martim Gonçalves, que morrera.
Temos, portanto, um Martim Gonçalves que foi escrivão das sisas de Vila Flor desde 1454 e que faleceu em 1481. E que tinha um filho Pimentel, que lhe sucedeu temporariamente de 1479 a 1481, pelo que ele próprio devia ser desta linhagem, embora não usasse o nome. E a informação documentada também serve para afastar a ideia de que este Martim Gonçalves pudesse ser filho do conde de Benavente, não só pelo patronímico mas sobretudo pelo estatuto. Restando assim a alternativa de ser filho natural não legitimado de Frei Álvaro Gonçalves Pimentel, comendador da Ordem de Avis, que por sua vez era filho de Gonçalo Anes Pimentel e neto do mestre da Ordem de Avis João Rodrigues Pimentel [3] . Se bem que a cronologia nem esta hipótese permite com facilidade. Com efeito, Martim Gonçalves, casado cerca de 1436 e falecido em 1481, não nasceu antes de 1400 e provavelmente nasceu depois. Ora, Frei Álvaro Gonçalves Pimentel teve em Catarina Vicente, mulher solteira, uma filha e um filho, Beatriz Gonçalves Pimentel e Rodrigo Álvares Pimentel, que foram legitimados por carta real, ela de 4.12.1387 e ele de 10.6.1395, ambos como filhos de Álvaro Gonçalves Pimentel, freire professo da Ordem de Avis. Ela foi legitimada a seu próprio pedido, sendo então moradora na cidade de Évora, pelo que não teria menos de 13 anos de idade, o que significa que não nasceu depois de 1374. Quer isto dizer que, se fosse irmã (meia-irmã) Martim Gonçalves, seria no mínimo dos mínimos 26 anos mais velha do que ele. Não é impossível (tendo obviamente mães diferentes), mas parece difícil. Por outro lado, verifica-se que Martim Gonçalves não se documenta com o nome Pimentel, ao contrário do que acontece com os referidos dois filhos de Frei Álvaro. Tudo considerado, não é de descartar a hipótese de Martim Gonçalves não ser filho mas neto de Frei Álvaro, portanto filho da dita Beatriz Gonçalves Pimentel e de seu virtual marido, que se chamaria Gonçalo. O que justificaria que Martim Gonçalves não usasse o nome Pimentel, que só um seu filho depois recuperou. Neste caso teria nascido em Évora, indo para Vila Flor por qualquer razão, nomadamente a nomeação no cargo de escrivão das sisas.
Este Martim Gonçalves e sua mulher tiveram um filho chamado Lopo Martins da Mesquita, que se documenta como tal e que Alão diz que serviu D. Afonso V e morreu na tomada de Arzila. E, com efeito, a 6.7.1473 D. Afonso V nomeou por três anos Fernão Lobo, escudeiro, morador em Vila Real, para o cargo de coudel do dito lugar, por apresentação do conde de Vila Real, em substituição de Lopo Martins da Mesquita, que morrera. Como a tomada de Arzila se deu em Agosto de 1471, é muito provável que este Lopo Martins aí tivesse de facto morrido, portanto ainda relativamente novo e cerca de 10 anos antes da morte de seu pai.
Esta presença em Arzila pode ter contribuído para localizar aí a estória da origem dos Mesquita, mas que não pode ser aplicada a este Lopo Martins e seus irmãos, não só porque o nome já existia antes, como vimos, mas também porque os Mesquita de Viseu usavam as mesmas armas e são anteriores, como também já vimos.
A estória dos cinco irmãos, a ser verdadeira, devia assim ter-se passado com o avô materno deste Lopo Martins, o já referido Estêvão Pires da Mesquita e seus eventuais irmãos. O que significa, tendo em conta a hipótese de a estória se ter passado no desastre de Tânger, que antes de 1437 ele se chamava apenas Estêvão Pires ou que usava outro nome de família. Tendo em conta a cronologia envolvente, este Estêvão Pires teria nascido cerca de 1400, tendo portanto cerca de 37 anos no desastre de Tânger. E, tendo igualmente em conta a cronologia, devia ser irmão do deão de Viseu D. Pedro Anes de Mesquita, que antes de 1448 se documenta apenas como Pedro Anes.
E é aqui que me surgiu uma pista capaz de resolver este mistério: a 17.11.1433 é legitimado por carta real um Estêvão Pires, filho de Pedro Anes, abade de Stª Mª da Bagunte (Vila do Conde), e de Guiomar Pires, mulher solteira. Este abade Pedro Anes pode perfeitamente ser também pai do deão D. Pedro Anes, seu homónimo, portanto também de seu irmão Martim e ainda do Álvaro Anes de Mesquita documentado em 1438. E assim se explicaria a falta de informação genealógica sobre a verdadeira origem dos Mesquita, bem como a ligação dos vários ramos que usam as mesmas armas. Afinal, escondia apenas a origem num abade…
Quem era este abade Pedro Anes? Desde logo convém notar que há em Viseu um doutor Pedro Anes que em 1412 era cónego e chantre da Sé de Viseu, dignidade em que sucedeu D. Pedro Anes de Mesquita. Por outro lado, há a notícia de que um cónego de Viseu chamado Pedro Anes fundou a igreja de Cepões, no termo de Viseu. Este cónego Pedro Anes tem sido identificado, nomeadamente por mim [4] , com o já referido D. Pedro Anes da Mesquita, que tinha o respectivo padroado e igreja de Cepões, o qual seguiu na sua descendência. Mas acontece que os sobrinhos deste D. Pedro Anes, filhos e netos de seu irmão Martim Fernandes, também tinham o padroado da dita igreja e direito à sua posse, andando em demanda com seus primos, descendentes do dito D. Pedro Anes. Isto só pode significar que a igreja de Cepões não foi fundada por D. Pedro Anes, mas sim por um homónimo anterior, de quem os dois irmãos herdaram o padroado. Esse outro Pedro Anes não pode ser o abade Pedro Anes, que não se documenta como doutor nem pode ser confundido como o cónego e chantre de Viseu doutor Pedro Anes, que o era muito antes daquele se documentar apenas como abade de Stª Maria de Bagunte. Assim sendo, o fundador de Cepões deve ter sido o mais antigo homónimo, ou seja, o doutor Pedro Anes que já em 1412 era cónego e chantre da Sé de Viseu. O que obriga a que D. Pedro Anes e seu irmão Martim tenham sido seus herdeiros, pelo que este doutor Pedro Anes seria pai ou tio do abade de Stª Maria de Bagunte Pedro Anes.
Mas outro facto existe que vem complicar ou resolver a questão. Trata-se da existência documentada de um Rui Sobrinho da Mesquita, cavaleiro de D. João II, que a 27.3.1484 era seu juiz em Trás-os-Montes. Dado o título de cavaleiro e sobretudo o cargo, este Rui dificilmente poderia ter nascido depois de 1450, o que o remete para filho de um desses cinco irmãos. Poderia, é claro, ser filho de um Mesquita e de uma Sobrinho, ou o inverso, como a disposição dos nomes mais aponta. O problema é outro. Sobrinho é nome antigo, que já se documenta no séc. XIII. Há, nomeadamente, notícia de que em 1285 vivia no Minho um Martim Sobrinho, que era sobrinho do cónego da Sé de Orense Pedro Sobrinho, o que indicia uma possível origem galega da família. Se é que se trata de uma única família e não de pelo menos duas, independentes, dada não só a natureza do nome mas o facto de se atribuírem aos Sobrinho duas armas completamente diferentes. Um desses escudos é um esquartelado de vermelho e negro, tendo no 1º e 4º quartéis uma torre de prata e no 2º e 3º um casco de prata encimado por uma flor de lis de ouro. O timbre é um leão rompante de vermelho, com o dito casco de prata na cabeça e uma flor de lis de ouro na espádua. Estas parece-me que são as armas dos Sobrinho do Alentejo, centrados em Montemor-o-Novo, onde em 1490 vivia um Fernão Sobrinho, família a que devia pertencer Frei João Sobrinho, mestre de Teologia do rei D. Duarte, que se doutorou na Universidade de Oxford e que tinha pelo menos um irmão chamado Pedro Rodrigues, que se documenta a viver no termo de Lisboa a 8.1.1468, quando teve carta de privilégio.
As outras [5] armas de Sobrinho, sem timbre, parecendo muito mais antigas, são um escudo partido de verde e prata, o 1º com dois cintos, com suas fivelas e passadores, tudo de prata, dispostos em barra, com as fivelas para cima, e o 2º com três flores de lis de azul, em banda.
Ora, estas segundas armas lembram demasiado as dos Mesquita para não se colocar obrigatoriamente a necessidade de uma ligação. E, tendo em conta que as armas dos Sobrinho parecem anteriores às dos Mesquita, por um lado, e a existência daquele Rui Sobrinho da Mesquita, por outro, parece-me muito provável que o abade Pedro Anes, que proponho como pai dos primeiros Mesquita, fosse afinal da família Sobrinho. O mesmo acontecendo, portanto, com o doutor Pedro Anes, chantre e cónego da Sé de Viseu, que seria igualmente Sobrinho. E não se estranhe que não sejam documentados com este nome, pois ainda é normal no séc. XIV, e até no XV, documentar apenas com o prenome e patronímico pessoas que comprovadamente eram de linhagens nobres, com chamadouros estabelecidos.
E quem era nesse Rui Sobrinho da Mesquita? Eu proponho que seja afinal o quinto irmão que faltava ao quinteto de Tânger. Dada a invulgaridade no uso de dois nomes de família no séc. XV, penso que se chamava apenas Rui Sobrinho e acrescentou «da Mesquita» após o desastre de Tânger. Assim, a mudança heráldica foi uma consequência da adopção do novo nome. As três flores de lis de azul em campo de prata passaram a sete flores de lis de prata numa bordadura de azul. E os dois cintos passaram a cinco, em pleno.
Esta circunstância permite supor, dentro da mesma hipótese, que o importante do acto em Tânger foi a tomada de uma mesquita, com ou sem o uso de cintos. E este feito é que deu origem ao chamadouro «da Mesquita», de alguma forma representado no timbre: meio mouro vestido de azul, toucado de um turbante de prata e tendo na mão uma lança de sua cor. E a passagem de dois para cinco cintos representaria justamente os cinco irmãos, podendo até ter acontecido que a sua heráldica os tivesse lembrado de unir os cintos para escalar a mesquita, já que as escadas de assalto, como vimos, eram demasiado curtas.
É certo que Miguel Sobrinho da Mesquita, inegavelmente descendente deste Rui Sobrinho da Mesquita, teve a 2.9.1585 carta de armas para Mesquita, Rebello, Sobrinho e Machado. E as armas dos Sobrinho que lhe foram dadas são as do esquartelado que acima ficou referido. Mas, sabendo da habitual ignorância genealógica, e concomitante ignorância heráldica, dos reis de armas portugueses, não é de estranhar que lhe tenham “chapado” as únicas armas de Sobrinho que conheciam. Aliás, este processo é mesmo, no caso concreto, descrito pelo próprio rei de armas: «busquei os livros da nobreza da nobre fidalguia do Reyno que em meu poder estão, & acho neles as armas que as ditas linhagens pertencem»…
De resto, a ascendência de Miguel Sobrinho da Mesquita tem muito que se lhe diga. Com efeito, muito antes da carta de armas (2.9.1585), ele fez a 15.11.1556 uma justificação de nobreza [6], então apenas como Miguel Sobrinho, criado de João Rodrigues Pereira, senhor de Cabeceiras de Basto, no tabelião de Guimarães Francisco Ribeiro, com despacho do juiz ordinário Pedro Rodrigues de Andrade, destinada a «ho acostar a hum allvará de cavaleiro, feito nas partes dalém». Nesta justificação, o próprio Miguel Sobrinho se diz filho de João Lopes, então já defunto, e de sua mulher Maria Rodrigues da Mesquita, sendo o pai «parente dos Machados» e a mãe «parente dos Mesquitas, que são fidallgos he muito antigos na nobreza de fidallguia he cavalaria», bem assim como dos Rebello.
Nesta justificação testemunhou a «senhora D. Brytyz da Magalhães», moradora na sua quinta de Briteiros com seu marido o «senhor Jorge d’Abreu, fydallguo». Esta D. Beatriz era também Mesquita, pois era filha de Gonçalo de Magalhães e neta de Fernão de Magalhães e de sua mulher Beatriz Martins da Mesquita, sendo esta neta do Estêvão Pires da Mesquita que proponho como irmão de Rui Sobrinho da Mesquita. Ora, D. Beatriz de Magalhães declara que era parente «demtro no quarto grao» de Ana Rodrigues da Mesquita e que esta «vyveo com sua mai, dela testemunha, he ha mai dela testemunha ha casou de sua casa com seu marido João Lopez». Acrescentado que este João Lopes «foy homem homrrado, he escudeiro, e de casta, he jeração d’escudeiros he de cavaleiros, porque era da jeração dos Machados he dos Haraújos». Quanto a Ana Rodrigues da Mesquita, diz que era «da casta dos Mesquitas he dos Rebellos he Meirelles». E referido que «ysto sabe ella testemunha po-llos conheser muito bem he ho ouvyr dizer asy a seus avós».
Este testemunho, aliás corroborado por vários outros, é demasiado inequívoco e credível para que possamos acreditar no que, cerca de 30 anos depois, diz a carta de armas de Miguel Sobrinho da Mesquita, segundo a qual ele era filho de João Lopes da Mesquita e de sua mulher Ana Rodrigues Sobrinho e neto paterno de Lopo da Mesquita e de sua mulher Violante Machado. D. Beatriz de Magalhães é muito clara ao dizer que o parentesco com ela vinha por Ana Rodrigues da Mesquita. Resultando também evidente que João Lopes, marido desta Ana Rodrigues Sobrinho, não era Mesquita, mas sim Machado e Araújo. Donde, não se podem aceitar as artes mágicas que transformaram João Lopes em Mesquita e filho de um fantástico Lopo da Mesquita. Este Lopo, quando muito, seria Araújo. Se bem que, tendo em conta a ordem referida, mais me parece que fosse sua mulher Violante Machado que era filha de um Machado e de uma Araújo, pelo que o dito Lopo não teria ascendência “apresentável”. E o alegado na carta de armas destinou-se certamente a mistificar isso mesmo, “puxando” os Mesquita para a varonia.
Temos, assim, que Ana Rodrigues da Mesquita era parente dentro do 4º grau de D. Beatriz de Magalhães. Se aceitarmos o que diz a carta de armas sobre a filiação de Ana Rodrigues da Mesquita, o que é parcialmente documentado na justificação, ela era filha de Francisco Rebello e de sua mulher Maria Sobrinho da Mesquita. Tendo em conta o patronímico associado a Mesquita no nome de Ana, esta Maria devia ser filha de um (Estêvão) Rodrigues da Mesquita, sendo este filho do dito Rui Sobrinho da Mesquita. E não se pode aceitar a hipótese [7] de Maria Sobrinho da Mesquita ser filha do Francisco Sobrinho e sua mulher Genebra da Mesquita de que fala Alão, que aliás não lhe dá semelhante filha. Não só pela cronologia e onomástica, mas também pelo testemunho de D. Beatriz de Magalhães. Com efeito, aquela Genebra da Mesquita era filha de Cristóvão da Mesquita, sendo este filho (presumivelmente, mas de qualquer forma considerado como tal na referida hipótese) do Dr. Fernão (Martins) da Mesquita, que se documenta irmão de Beatriz Martins da Mesquita, que era avó da dita D. Beatriz de Magalhães. Ora, pelo testemunho desta D. Beatriz, Ana Rodrigues da Mesquita seria mais velha do que ela, pelo que não se aceita que a mãe dessa Ana e a dita D. Beatriz fossem da mesma geração, com os bisavós em comum. Por outro lado, a ser assim, D. Beatriz e Ana Rodrigues seriam parentes dentro do 3º grau e não dentro do 4º grau. Além de que o patronímico Rodrigues não se explicaria.
Em suma, julgo que fica razoavelmente fundamentada esta hipótese de trabalho: os cinco irmãos que tomaram o nome Mesquita seriam filhos do abade Pedro Anes, sendo que só o mais velho, Estêvão Pires, foi legitimado por carta real. Os outros eram Álvaro Anes, Martim Fernandes, Pedro Anes e Rui Sobrinho. Mas nem todos teriam a mesma mãe. D. Pedro Anes não creio que tenha nascido antes de 1417, pois ainda se documenta vivo a 11.7.1500. Mas já tinha morrido a 12.6.1507, data em que o Cabido de Viseu emprazou por mais três vidas, por nomeação que ficara de seu pai, a «possessão» de Gumirães, em Viseu, com seus casais e casas, pelo foro de 2.000 reais, a sua filha Joana de Mesquita e a seu marido Lopo Álvares da Ventura e Queiroga, cavaleiro da Casa d’el rei [8] . Por outro lado, D. Pedro Anes não deve ter nascido muito depois de 1417, pois já era clérigo a 11.10.1440, quando teve apresentação na Sé de Viseu da capelaria que foi de D. Urraca. E Rui Sobrinho, juiz de Trás-os-Montes em 1484, não terá nascido antes de 1418, pelo que seria o mais novo dos irmãos. Assim, em Tânger, Estêvão Pires, o mais velho, teria cerca de 37 anos, Pedro Anes, ainda não clérigo, cerca de 20 anos, e Rui Sobrinho cerca de 17.
Tendo em conta o que ficou proposto, vejamos então uma tentativa de reconstituição genealógica das primeiras gerações dos Mesquita, que usaram "da Mesquita" e "de Mesquita", talvez indiferentemente, sendo que se documentam das duas formas, com predominância do "de" na linha de Viseu. Aqui uniformizei em "da Mesquita".

Esquema genealógico

1. Pedro Anes (Sobrinho), abade de Stª Mª da Bagunte (Vila do Conde), possível filho ou sobrinho do doutor Pedro Anes, que em 1412 era cónego e chantre da Sé de Viseu. Como já ficou referido na introdução, há a notícia de que um cónego de Viseu Pedro Anes fundou a igreja de Cepões, no termo de Viseu. Este cónego Pedro Anes tem sido identificado com o D. Pedro Anes da Mesquita, que tinha o respectivo padroado e igreja, que seguiu na sua descendência. Mas acontece que os sobrinhos deste D. Pedro Anes, filhos e netos de Martim Fernandes, também tinham o padroado da dita igreja e direito à sua posse, andando em demanda com os descendentes do dito D. Pedro Anes. Isto só pode significar que a igreja de Cepões não foi fundada por D. Pedro Anes, mas por um homónimo anterior, de quem os dois irmãos descendiam. Este outro Pedro Anes não pode ser o Pedro Anes (Sobrinho) em epígrafe, que não pode ser identificado com o cónego de Viseu Pedro Anes, que o era muito antes daquele se documentar apenas como abade de Stª Maria de Bagunte. Assim sendo, o fundador de Cepões deve ter sido o mais antigo homónimo, ou seja, o doutor Pedro Anes que já em 1412 era cónego e chantre da Sé de Viseu. O que obriga que D. Pedro Anes e seu irmão Martim tenham sido seus herdeiros, pelo que o doutor Pedro Anes ou era pai do abade Pedro Anes ou seu tio. O abade Pedro Anes (Sobrinho) teve um filho em Guiomar Pires, solteira, legitimado por carta real de 17.11.1433. Os outros propostos filhos podem não ser todos desta Guiomar Pires, sobretudo os mais novos, que terão nascido cerca de 17 e 18 anos depois do mais velho.
1.1. Estêvão Pires (da Mesquita), nascido cerca de 1400, documentado como Estêvão Pires da Mesquita em 1462, na matricula em ordens menores de seu filho, e como Estêvão Pires quando foi legitimado por carta real de 17.11.1433. Segue no nº 2.
1.2. Álvaro Anes (da Mesquita), nascido cerca de 1401, documentado em 1438 como Álvaro Anes da Mesquita, em Lamego, como ficou dito na introdução. Não parece ter tido descendência.
1.3. Martim Fernandes (da Mesquita), nascido cerca de 1403. As genealogias quinhentistas visienses [9] chamam-lhe Martim Fernandes de Mesquita, dizem que foi co-padroeiro da igreja de Cepões e, sem indicar o nome da mulher, dão-lhe apenas um filho, Gonçalo Martins de Mesquita, referido adiante. Como não consegui documentar em fonte primária nenhum Martim Fernandes, Pires ou Anes em Viseu que fosse também Mesquita, fico sem saber se ouve erro no patronímico. Mas se foi Martim Fernandes, e não Martim Pires ou Martim Anes, o patronímico devia vir-lhe da mãe, o que nesta época se documenta por vezes acontecer com filhos naturais (não reconhecidos no nascimento), pelo que não seria filho da Guiomar Pires, proposta mãe de seu irmão mais velho.
1.3.1. Frei Lodomeu Martins da Mesquita, nascido cerca de 1425, que era abade do mosteiro de Crasto de Avelãs quando a 15.7.1452 o rei apresenta Álvaro Martins de Mesquita para reitor da igreja de Santa Maria de Miranda de Trás-os-Montes, do arcebispado de Braga, em sua substituição. 15 dias antes, o próprio Lodomeu Martins da Mesquita tinha sido apresentado pelo rei como prior dessa igreja.
1.3.2. Álvaro Martins de Mesquita, prior da igreja de Santa Maria de Miranda de Trás-os-Montes, do arcebispado de Braga, apresentado pelo rei a 15.7.1452, em substituição de Frei Lodomeu.
1.3.3. Gonçalo Martins da Mesquita, que as ditas genealogias visienses [10] dizem ter sido padroeiro da igreja de Cepões e ter casado com Catarina Fernandes, de quem teve uma filha, Catarina Fernandes da Mesquita, moradora em de S. Pedro de France (Viseu), «donde veem os Padroeiros da Igreja de Cepões, que os Fregueses impetrarão do Papa aos desta linha». Acrescentam que esta Catarina casou com Álvaro Lopes da Gama, natural de Elvas, que foi para Viseu como vedor do bispo D. Diogo Ortiz de Vilhegas, e que nesta cidade «matou um clérigo, por onde não ficou rico». E destes foi filha Branca Lopes da Gama, que casou com Francisco Paes de Castello-Branco, senhor de Pouves, que teve o padroado de Cepões por sua mulher, que teve demanda com os descendentes de D. Pedro Anes da Mesquita por causa da posse da dita igreja.
1.4. D. Pedro Anes (da Mesquita), deão, chantre, arcediago e cónego da Sé de Viseu, senhor da quintã e igreja de Cepões, na freguesia deste nome no concelho de Viseu. Ainda vivia em 11.7.1500 mas já tinha falecido a 12.6.1507, data em que o Cabido de Viseu empraza por mais três vida, por nomeação que ficara de seu pai, a «possessão» de Gumirães a sua filha Joana de Mesquita e a seu marido Lopo Álvares da Ventura e Queiroga, cavaleiro da Casa d’el rei. Documentado várias vezes como Pedro Anes de Mesquita, nomeadamente na legitimação real do filho, na documentação mais antiga aparece apenas como Pedro Anes, o que também indicia que a adopção do nome Mesquita não foi imediata ou, pelo menos, demorou algum tempo para que passasse a ser assim chamado. Apenas como Pedro Anes, arcediago e cónego, recebeu do Cabido o prazo da «possessão» de Gumirães a 10.2.1477 e uma casas na Rua Direita (então rua das Tendas) a 20.2.1475. É ainda o Pedro Eanes, arcediago de France e cónego da Sé de Viseu, que a 15.6.1476 teve privilégio real para comprar bens de raiz até à quantia de 30.000 reais de prata. E o Pedro Anes, ainda meio-cónego, que a 25.10.1448 teve do Cabido o prazo de umas casas na rua do Arco, bem como o Pedro Anes que a 11.10.1440 teve na Sé de Viseu apresentação na capelaria da que foi de Dona Urraca. Terá, portanto, nascido cerca de 1417. Teve filhos, um legitimado por carta real de 7.4.1490, havido em Beatriz Gonçalves (ou Fernandes). Da outra filha certa, não se sabe se a mãe é a mesma. Deve ter tido ainda mais três filhos, como vai indicado, sendo que o Pedro deve ser filho de uma Filipa Lourenço a quem o Cabido empraza a 18.7.1510 umas casas sobradas na Rua Direita, pois nas costas deste documento, com letra da época, se diz que «agora tem este prazo Pedro de Mesquita».
1.4.1. João da Mesquita, nascido cerca de 1460, legitimado por carta real de 7.4.1490, e já falecido em 1523. Foi cavaleiro fidalgo da Casa Real e cidadão nobre da governança de Viseu, sendo nomeadamente vereador do Senado da Câmara pela Nobreza em 1500 e 1511. Foi senhor da quinta e igreja de Cepões. Com sua mulher Genebra de Figueiredo, teve do Cabido de Viseu o prazo de umas casas na rua do Soar e de uma vinha além de ponte de Vil de Moinhos (18.3.1505) e de um chão em Assaz (18.11.1505). E perdeu um casal em Viseu que comprara por 6.000 reais a João Fernandes, de Leomil, pondo este a condição de o poder comprar de volta dando o mesmo valor. Esta transacção teria algo de ilegal, pois D. Manuel I deu por isso esse casal a 27.4.1501 a João de Abreu, escudeiro, morador em Lisboa. Casou em 1508 com Genebra de Figueiredo, filha natural do doutor Luiz Anes de Loureiro, cónego e arcediago da Sé de Viseu, senhor da honra e quintã de Loureiro, etc. Genebra de Figueiredo nasceu cerca de 1480 e sucedeu como 2ª vida no prazo da «possessão» de Vila Chã (1507). Tinha casa na rua do Soar, como se documenta na delimitação de um prazo do Cabido de 20.1.1523. Com geração em Viseu [11] .
1.4.2. Joana da Mesquita, nascida cerca de 1461, a quem, com seu marido, o Cabido da Sé de Viseu renovou a 12.6.1507 o prazo da «possessão» de Gumirães, por nomeação que ficara do pai dela, por mais três vidas, com o foro de 2.000 reais às terças do ano e seis capões pelo Natal. Casou antes de 1499 com Lopo Álvares da Ventura e Queiroga, cavaleiro fidalgo da Casa Real, recebedor das terças e dízimas do bispado de Viseu (12.10.1514, sendo aqui referido como Lopo da Ventura, cavaleiro fidalgo da Casa Real), cidadão nobre da governança de Viseu, sendo nomeadamente vereador do Senado da Câmara pela Nobreza em 1516. Tinha sido moço fidalgo da rainha D. Leonor e depois de seu irmão o rei D. Manuel, que o encarregou de baptizar os judeus do Alentejo e desmantelar as sinagogas, ficando com a terça parte do que arrecadasse. Já estava casado a 15.7.1499, quando com sua mulher recebeu, sendo aí dito «Lopo da Ventura, cavaleiro da Casa d’el Rei», em prazo do Cabido da Sé de Viseu, casas na rua dos Mercadores, outros terrenos e quintas e um chão que está no Pinheiro. Mas em 1501 documenta-se como morador em Lisboa. Era filho de Gonçalo da Ventura de Queiroga, cavaleiro fidalgo da Casa Real, aposentador-mor (1478) de D. Afonso V, D. João II e da rainha D. Leonor, que está sepultado em S. Francisco de Marvila, em Santarém em túmulo armoriado (Queiroga), e de sua mulher D. Elvira Gomes de Mendonça; neto paterno de Rodrigo Álvares de Queiroga, fidalgo natural de Tui, e de sua mulher D. Maria de Mendonça, que julgo casou 2ª vez com o capitão-mor do Mar Afonso Furtado, dando origem aos Furtado de Mendonça [12] . Aquele Gonçalo da Ventura e Queiroga era irmão de Lopo Álvares da Ventura, prior do Cabido de Viseu, que a 24.7.1459 recebe deste o prazo de chãos em Stª Cristina, S. Miguel, Ranhados, Barrelas, Fráguas e Vale. Com geração em Viseu [13] .
1.4.3. Pedro da Mesquita, conforme hipótese referida acima. Não parece ter tido descendência. Talvez seja o Pedro da Mesquita que em 1495 e 96 era escrivão de D. Manuel I.
1.4.4. Bernardo Lourenço da Mesquita (Lourenço seria pela mãe Filipa Lourenço, nesta época já possível), cavaleiro e cidadão nobre da governança de Viseu, sendo nomeadamente vereador do Senado da Câmara pela Nobreza em 1500. Não parece ter tido descendência.
1.4.5. Maria da Mesquita, que com seu marido Francisco Mendes teve do Cabido de Viseu, a 7.11.1500, o prazo por três vidas de metade da «possessão» de Torredeita, por renúncia de João de Almeida, escudeiro, morador no Couto de Rio de Asnes.
1.5. Rui Sobrinho (da Mesquita), nascido cerca de 1420, cavaleiro de D. João II e seu juiz em Trás-os-Montes em 27.3.1484. Provavelmente foi nomeado em 1481, ano em que foi coroado D. João II, e antes pertenceria a sua Casa, vindo provavelmente da Casa do infante D. Henrique.
1.5.1. (Estêvão) Rodrigues da Mesquita, nascido cerca de 1455. Tendo em conta o testemunho de D. Beatriz de Magalhães, referido na introdução, segundo o qual Ana Rodrigues da Mesquita era «da casta dos Mesquitas he dos Rebellos he Meirelles», e, por outro lado, a recorrente informação genealógica de que Estêvão Pires da Mesquita casou com um Alda Nunes de Meirelles, o que se documenta falso, é possível que este filho de Rui Sobrinho da Mesquita se tenha chamado Estêvão Rodrigues da Mesquita e tenha ela casado com a dita Alda Nunes de Meirelles, motivando assim a confusão das genealogias. Esta Alda Nunes de Meirelles, ao contrário do que dizem essas genealogias, não era nem podia ser filha do mítico Nuno de Meirelles, dado como o 1º deste nome, que noutra obra demonstrarei que não existiu com este nome. Alda (ou Aldonça) Nunes de Meirelles era certamente irmã de Álvaro Rodrigues de Meirelles, que tirou ordens menores a 18.9.1461 (Matrículas de Ordens, ADB), filho Rui Nunes (de Meirelles) e sua mulher Leonor Gonçalves, moradores em S. Bartolomeu de Vila Flor. Sendo este Rui Nunes (de Meirelles) irmão de Fernão Nunes (de Meirelles), ambos filhos de Álvaro Nunes de Meirelles, escudeiro do conde de Marialva, a quem D. Afonso V doou a 2.5.1444 os bens que pertenceram a Samuel a Boa, judeu, morador em Mogadoiro, que os perdeu por dívidas que tinha da dizima e primeira sisa dos panos que os moradores e vizinhos da comarca de Trás-os-Montes e de Entre-Douro-e-Minho trouxeram de Castela, no ano de 1438.A Álvaro Nunes de Meirelles, escudeiro, criado do conde de Marialva, doou o mesmo rei a 1.7.1451, vitaliciamente e para todos os seus sucessores, os bens que foram tomados a Pedro Vasques, almoxarife de Torre de Moncorvo. Fernão Nunes (de Meirelles) foi tabelião e escrivão da Câmara e almotaçaria do concelho de Montelongo, escrivão das sisas e órfãos do mesmo concelho, e tabelião do público, judicial e órfãos do couto de Moreira de Rei, cargos em que lhe sucedeu o filho, Cristóvão Rebello de Meirelles. (Estêvão) Rodrigues da Mesquita teria sido pai de:
1.5.1.1. Rui Sobrinho da Mesquita, que Gaio diz ter casado com Ana de Almeida, filha de António da Costa Montalvão e sua mulher Isabel de Almeida. Segundo o mesmo autor, esta Ana de Almeida seria bisneta do Decepado, pelo que teria nascido nos finais do séc. XV. Com geração.
1.5.1.2. Francisco Sobrinho da Mesquita, que nasceu cerca de 1480 e casou com sua prima Genebra da Mesquita, filha de Cristóvão da Mesquita, referido adiante. Segundo Alão, foram pais de Jordão da Mesquita, falecido solteiro, e de Tomé da Mesquita, que casou com Luiza Saraiva, com geração.
1.5.1.3. Martim Sobrinho da Mesquita, que em 1518 e 1522 era almoxarife de Torre de Moncorvo.
1.5.1.4. Pedro Sobrinho da Mesquita, de quem há uma carta de 20.10.1549 em que ele dá conta ao rei de que não tem tido a remuneração da falta do ofício de juiz da Alfândega de Ormuz, sendo um homem velho, com muitos feitos, e estar há mais de 2 anos nesta esperança. A 23.8.1524 Pedro Sobrinho da Mesquita passou procuração a Luiz Dias, seu caseiro, para cobrar uma tença do almoxarife de Torre de Moncorvo. A 27.5.1529 D. João III mandou o almoxarife de Alenquer dar a Pedro Sobrinho da Mesquita 12.000 reais de sua tença. Este é certamente o Pedro Sobrinho da Mesquita que casou com Francisca Perestrello e viveram na quinta do Espanhol, em Santana da Carnota, no termo de Alenquer, sendo confrades de Merceana em 1530 e 1540, com seus filhos Manuel da Mesquita e Jerónima Perestrello. Nesta quinta do Espanhol viviam então outros Perestrello, nomeadamente António Perestrello, sua mulher Violante Nunes e seus filhos (Mécia), Violante, Bartolomeu e João Perestrello, além de Rafael Perestrello e de João Lopes Perestrello. Bem assim como uma Antónia Perestrello, filha de Leonor Perrestrello, sendo que também aí vivia um Gil Vicente da Maia, filho de Mem Pegado. Ora, aquele João Lopes Perestrello a 6.6.1488 teve carta de privilégio de fidalgo e a 4.10.1501, sendo cavaleiro da Casa do rei, deu procuração bastante a Afonso Leitão, seu genro, para administrar todos os seus bens pelo tempo de 9 anos. Ora, dizem as genealogias que viveu em Torres Vedras e foi servidor da toalha de D. João II, que de facto lhe fez mercê de 100.000 reais de tença por carta de 3.1.1488. E de sua mulher Filipa Lourenço teve vários filhos, nomeadamente Rafael Perestrello, que instituiu um morgadio no termo de Torres Vedras, Leonor Perestrelo, que casou com Gil Vicente da Maia, e António Perestrello, que acabou por suceder no dito morgadio e foi tesoureiro da Casa Real. A 2.12.1523 António Perestrello, recebedor do tesouro da Casa Real, declarou que recebeu de Gonçalo de Távora, recebedor dos portos da Beira, 150.000 reais, em parte do assentamento do ano de 1523. Há vários deste recibos até 20.9.1525, data de uma provisão para o tesoureiro do rei, António Perestrello, dar ao porteiro da câmara, Francisco Nunes, 1.728 reais de sua vestiaria. Portanto, a Francisca Perestrello casada com Pedro Sobrinho da Mesquita é certamente irmã deste António Perestrelo e filha de João Lopes Perestrello.
1.5.1.5. Maria Sobrinho da Mesquita, nascida cerca de 1483, que casou com Francisco Rebello, segundo a carta de armas do neto. Em alternativa ao que ficou dito acima, podia ser este Francisco Rebello a ter ascendência Meirelles. Neste caso, seria neto de Fernão Nunes (de Meirelles) e sua mulher Maria Rebello, filha de João Álvares de Rebello, senhor da quintã de Golães, vassalo da Casa Real, a quem D. Afonso V a 28.4.1452 nomeia para o cargo de escrivão das sisas régias de Montelongo, Moreira de Rei e da terra de Cipães (cargos em que sucedeu o genro). Antes, foi coudel das terras de Gonçalo Pereira, cargo em que foi substituído a 30.9.1445. Maria Rebello era, portanto, irmã de Pedro Rebello, que a 23.3.1448 tirou ordens menores em Braga [14], como filho de João Álvares Rebello e sua mulher Aldonça Gonçalves (de Macedo), moradores em Golães. Esta hipótese tem por si o facto Miguel Sobrinho da Mesquita dizer que sua mãe vinha dos «Rabellos que são pessoas muito honrradas em esta vila de Guimarães», referindo-se certamente ao avô, Francisco Rebello. Se bem que podia acontecer que este Francisco Rebello e sua mulher Maria Sobrinho da Mesquita fossem primos, ele neto de Fernão Nunes (de Meirelles) e ela neta do seu irmão Rui Nunes.
1.5.1.5.1. Ana Rodrigues da Mesquita, nascida cerca de 1500, que casou com João Lopes, já falecido em 1556, largamento referido na introdução, que seria filho de um Lopo (de Araújo?) e de sua mulher Violante Machado. Ana Rodrigues da Mesquita e seu marido João Lopes viveram «em hua casa no casall de Porto de Lobo», em S. Salvador de Briteiros, e ele foi, como diz o próprio filho, «homem horrado he de bom viver he limpo he de casta geração de homens honrrados, escudeiros de geração, he cavaleiros feitos, he per tall avido he conhiçido».
1.5.1.5.1.1. vários filhos e filhas, segundo o testemunho do irmão.
1.5.1.5.1.2 Miguel Sobrinho da Mesquita (ou Mesquita Sobrinho, como também se documenta), nascido cerca 1528 em S. Salvador de Briteiros (Guimarães), já referido na introdução, que fez justificação de nobreza a 25.11.1556 para ter o grau de cavaleiro, que ganhara no norte de África, sendo depois mais de 20 anos capitão de Infantaria e a 21.9.1604 nomeado capitão-mor de Mondim de Basto. Foi o 1º senhor da casa de S. Romão do Corgo e fidalgo de cota de armas (2.9.1585) para Mesquita, Rebello, Sobrinho e Machado. Com geração.


2. Estêvão Pires (da Mesquita), nascido cerca de 1400 e falecido depois de 1462, vivendo nesta data em Vila Flor. Segundo a hipótese que ficou defendida na introdução, foi legitimado por carta real de 17.11.1433 e esteve com seus irmãos no desastre de Tânger (1437), sendo muito provavelmente escudeiro da Casa do infante D. Henrique. Gaio diz que foi senhor do couto e torre de Vilar de Maçada, o que duvido. Alão, que não lhe dá este senhorio, diz que Estêvão Pires de Mesquita ou da Mesquita casou com Alda Nunes de Meirelles, filha de D. João de Chacim, senhor de Chacim e comendador da Ordem de Cristo, acrescentando Gaio que se trata de João Rodrigues de Chacim, filho de Rui Nunes de Chacim e neto de Nuno Martins de Chacim. Além de Estêvão Pires da Mesquita não ter casado com esta Alda Nunes, tudo isto é um evidente anacronismo. A verdade é que Estêvão Pires casou com uma Beatriz Vaz e viveram em Vila Flor. Como se diz na matrícula do filho em Braga, «Esteuom Pirez da Mezquita e de sua molher Beatriz Vaaz moradores na freeguesia de Villa Frol».
2.1. Inez (Esteves) da Mesquita, nascida cerca de 1421. Segue no nº 3.
2.2. Lopo Esteves da Mesquita, escudeiro, nascido cerca de 1423, que tirou em Braga [15] ordens menores a 30.5.1461 e de epístola a 18.12.1462. Mas não foi clérigo, tendo casado e vivido Vilar de Maçada (Alijó). A 7.6.1449 seu filho Fernão tirou ordens menores em Braga, sendo dito «filho de Lopo Esteuez da Misquita e de sua molher Catellina Vasques». A 25.10.1470, no tabelião em Vila Real Afonso Anes, Lopo Esteves da Mesquita, escudeiro, e Catarina Vasques, sua mulher, moradores em Vilar de Maçada (Alijó) fizeram emprazamento perpétuo a Afonso Anes e Violante Anes, moradores no mesmo lugar, da vinha e chão chamada Vinha de Senhorinha. Sobre este Lopo Esteves, Alão diz que foi criado do conde de Vila Real e seu ouvidor e que comprou Lamas de Orelhão a Fernão Coutinho, senhor de Basto. Acrescenta este autor setecentista que Lopo Esteves vendeu depois Lamas de Orelhão ao conde de Vila Real, que obteve a respectiva jurisdição. Mas foi o contrário: Lopo Esteves da Mesquita é que vendeu Lamas de Orelhão a Fernão Coutinho, que este vendeu ao conde de Vila Real, pois a 7.7.1472 D. Afonso V doou a D. Pedro de Menezes, conde de Vila Real, capitão, regedor e governador da cidade de Ceuta, alcaide-mor do castelo da vila de Leiria, a vila de Lamas de Orelhão e seu termo, com todas as rendas, direitos, jurisdição do cível e crime, reservando o monarca a correição e a alçada, da mesma forma que a tivera Fernão Coutinho, do seu Conselho, e seu filho Gonçalo Vasques Coutinho, que a compraram a Lopo Esteves da Mesquita e a venderam a D. Pedro de Meneses sem licença régia. Esta carta, que está parcialmente danificada e ilegível, refere um instrumento público de 1.7.1462 e uma carta de venda de 8.2.1472. Lopo Esteves da Mesquita casou, como se documenta, com Catarina Vasques (Vaz), a quem Alão chama Catarina Vaz Coutinho e não filia. Se o nome Coutinho tem algum fundamento, então julgo que terá havido confusão e se chamava Catarina Vaz Moutinho, sendo filha de Vasco Afonso Moutinho, morador em Vila Real, onde a 20.11.1429 teve autorização real para fazer o convento de S. Domingos. É o Vasco Afonso Moutinho, morador em Vila Real, a quem a 4.8.1445 D. Afonso V privilegia, a pedido de Vasco Martins de Resende, fidalgo da sua Casa, concedendo-lhe aposentação como vassalo. Esta Catarina Vaz seria assim irmã do Pedro Vaz Moutinho referido adiante.
1.1.1. Fernão Lopes da Mesquita, nascido em Vila Real (S. Dinis) cerca de 1441, que tirou ordens menores em Braga [16] a 7.6.1449.
1.1.2.Frei João (Lopes) da Mesquita, cavaleiro da Ordem dos Hospitalários (depois Malta), que terá nascido cerca de 1442/5. Gaio diz que viveu em Murça.
1.1.3. Tomé da Mesquita, segundo Alão, sem mais notícia, pelo que terá falecido novo, sem geração.
1.1.4. ?Pedro Lopes da Mesquita, que a 6.5.1519 recebeu 157.747 reais do almoxarife da Alfândega de Vila do Conde, como procurador de Diogo de Paz, morador na cidade do Porto



3. Inez (Esteves) da Mesquita, nascida cerca de 1421, que viveu em Vila Flor, onde faleceu depois de 1471, tendo certamente herdado a casa de seus pais, dado seu irmão não ter filhos com geração. Casou cerca de 1436 com Martim Gonçalves (Pimentel), escudeiro, criado do duque de Bragança, que foi escrivão das sisas de Vila Flor a 19.4.1454 e faleceu antes de 31.5.1481, data em que, por sua morte, foi substituído no cargo por Martinho Anes do Benlhevai. Antes, talvez pela idade, renunciou ao cargo por instrumento público de 19.1.1479 em seu filho Luiz Pimentel, que para tanto teve autorização real de 19.2.1481. É possível que este Martim Gonçalves, que se documenta sempre só assim, tenha casado uma 1ª vez, pois logo a seguir à matricula em ordens menores de seu filho Lopo Martins aparece um Martim Gonçalves, filho de Martim Gonçalves e sua mulher Mécia Rodrigues, da freguesia de Vila Flor, sendo que o nome de Mécia Rodrigues está escrito por cima do nome riscado de Inez da Mesquita. Como já ficou referido na introdução, Martim Gonçalves seria filho ou neto de Frei Álvaro Gonçalves Pimentel, comendador da Ordem de Avis, que por sua vez era filho de Gonçalo Anes Pimentel e neto do mestre da Ordem de Avis João Rodrigues Pimentel.
3.1. Lopo Martins da Mesquita, nascido cerca de 1435. Segue no nº 4.
3.2. Álvaro Martins da Mesquita, nascido cerca de 1436, que tirou ordens menores em Braga [17] a 23.9.1452, sendo referido apenas como Álvaro Martins, filho de «Martim Gonçaluez de Villa Frrol e de sua molher Ines da Misquita, da frreiguesia de Sam Bertolomeu de Villa Froll». Gaio, que lhe chama só Álvaro da Mesquita, diz ter morrido na conquista de Alcácer Ceguer, portanto em 1458, teria 22 anos de idade. Alão apenas diz que casou com Isabel Simões, natural do Algarve, embora pareça mais que o filho que lhe atribui tenha resultado de uma curta amizade algarvia, havida enquanto aguardava passagem para Alcácer Ceguer.
3.2.1. Jorge da Mesquita, nascido cerca de 1458, que Alão diz ter casado com Isabel de Lemos, filha de Fernão de Lemos, c.g., conforme mais detalhadamente digo em Origens, no meu trabalho sobre a Casa da Trofa.
3.2. Luiz Pimentel (ou Luiz Martins da Mesquita), nascido cerca de 1437 em Vila Flor, que brevemente substituiu o pai como escrivão das sisas desta vila, de 1479 a 1481, como ficou dito, e depois definitivamente por carta de de 1.4.1484, sendo então chamado Luiz Pimentel. Tirou ordens menores com seu irmão Álvaro a 23.9.1452, mas sendo referido depois dele e apenas como Luiz Martins. Alão chamam-lhe de facto Luiz Martins da Mesquita, nome que deve ter começado por usar. É certamente o Luiz da Mesquita a quem a 8.4.1468 D. Afonso V perdoa a tomada da nau de Stª Clara do Porto, na cidade de Ceuta, que pertencia a Martinho Afonso, mestre da dita nau, e o quebramento do dito porto, contanto que entregue a nau com as suas mercadorias. Teria então cerca de 31 anos de idade e certamente servia em Ceuta. Ainda segundo Alão, casou com Maria Lourenço, filha de Álvaro Pires, escudeiro da condessa de Faro. Acrescenta Gaio que esta Maria Lourenço casou depois com Fernão Lobo, certamente o homónimo, escudeiro, morador em Vila Real, que a 6.7.1473 substituiu Lopo Martins da Mesquita, que morrera, como coudel de Vila Real, por apresentação do conde de Vila Real. Este Fernão Lobo à primeira vista parece ser o filho de Pedro Barbosa e de sua mulher Leonor Lobo. Mas não pode ser, pois Pedro Barbosa tirou ordens menores em Chaves [18] a 29.6.1461, onde vem como filho de Fernão Gonçalves Barbosa e Leonor Vaz, moradores em Quintiães (Paço de Aborim). E não se pode pensar, como já me ocorreu, que se ordenou depois de precocemente viúvo, tirando portanto ordens menores com cerca de 50 anos, pois seu irmão Álvaro Fernandes tirou ordens menores a 19.5.1451. Por outro lado, sua mãe Leonor Vaz é filha de Vasco Afonso Malheiro, senhor da torre de Refoios, que era meio-irmão (de um 1º casamento do pai com Ana Furtado) do Álvaro Dias Malheiro que a 18.9.1456 tirou ordens menores em Braga [19], como filho de Diogo Afonso Malheiro e sua mulher Constança Afonso, moradores em Ponte de Lima. Pelo que o Fernão Lobo que foi coudel de Vila Real em 1473 e casou com a viúva de Luiz Pimentel ou da Mesquita devia era ser não o filho mas um irmão da Leonor Lopo que casou com Pedro Barbosa. A propósito, e ao contrário do que julga, terão sido estes Malheiro a construir a torre de Refoios na 1ª metade do séc. XV. Provavelmente construiu-a Vasco Afonso Malheiro, escudeiro da casa do infante D. Pedro, nas terras que a 30.7.1446 recebeu de D. Afonso V, que lhe doa os bens de raiz que Gonçalo Afonso, cónego de Refojos do Lima, comprara sem licença régia por 2.000 reais de prata a Vasco Rodrigues, morador em Ponte de Lima. A 28.2.1444 Vasco Malheiro foi substituído por seu irmão Pedro Afonso Malheiro, morador em Ponte de Lima, no cargo de coudel desse lugar, por cinco anos. Pedro Afonso Malheiro foi depois juiz da alfândega da vila de Viana de Caminha, cargo a que renunciou, como se diz quando a 11.4.1450 o rei nomeia um Pedro Gonçalves em sua substituição. A 30.9.1450 já este Pedro Afonso Malheiro aparece como escudeiro da Casa Real e recebedor do pedido e meio do almoxarifado da vila de Ponte de Lima, onde era morador, quando D. Afonso V lhe faz quitação da verba de 690.449 pretos, relativa ao ano de 1442, período durante o qual recebera as rendas do pedido e meio do dito almoxarifado, conforme apresentação do relatório de receitas e despesas. Vasco, Pedro e Lopo (dias) Malheiro eram filhos de Diogo Afonso Malheiro, que a 16.4.1439 teve carta de privilégio de vassalo para a correição de Entre-Douro-e-Minho e a 23.12.1444 aparece como escudeiro e contador na vila de Ponte de Lima quando, a seu pedido, D. Afonso V perdoa o degredo a Maria Gonçalves, por ser ama de leite de seu filho. Foi depois vedor dos vassalos da vila de Ponte de Lima e seu termo, cargo que fora destituído por ordenação régia, conforme se diz quando a 25.6.1450 foi nomeado o seu substituto Fernão Velho, cavaleiro da Casa Real. Não sei porque razão foi destituído, mas continuou como contador dos almoxarifados de Guimarães e Ponte de Lima, cargo que exercia a 20.9.1450 (pelo menos desde 1445), quando o rei lhe faz quitação de tudo o que despendeu e recebeu relativo aos anos de 1445 a 1448, de tudo o que recebeu das rendas, direitos e pedidos dos ditos almoxarifados, conforme apresentação do relatório de receitas e despesas. A 27.1.1435 exercia o cargo de recebedor do almoxarifado de Ponte de Lima, aparecendo também como Diogo Afonso Malho, vassalo do rei e recebedor do almoxarifado de Ponte de Lima, quando a 7.5.1435 D. Duarte lhe confirma uma carta real de 9.12.1434, assinada pelo escrivão Martim Gonçalves, por Lourenço Anes Riconado, contador de Ponte de Lima, e Lopo Rodrigues, almoxarife da dita vila. Nesta carta Diogo Afonso diz que tem duas meias casas na rua da Sapataria, em Ponte de Lima, e outra meia casa numa rua junto, que tivera por compra ao testamenteiro de Fernão Rodrigues, escudeiro. Pretendia Diogo Afonso escambar uma destas meias casas com a meia casa que tinha Fernando Anes Madriz, que acordava nesta troca, o que tudo se fez. Este uso do nome Malho de alguma forma documenta o que dizem as genealogias, segundo as quais este Malheiro eram inicialmente Malho e descendiam do Estêvão Malho de que fala o conde D. Pedro. Aquele Fernão Lobo, portanto, não era filho mas sim irmão da dita Leonor Lobo. Segundo algumas genealogias, Leonor Lobo era filha de Fernão Lourenço da Nóbrega e de sua mulher Maria Lobo, dama da duquesa de Bragança D. Isabel (nascida em 1459), o que parece tardio para ser mãe de Fernão Lobo, já coudel e casado em 1473, salvo se esta Maria Lobo fosse não dama mas ama da dita infanta. De Fernão Lourenço da Nóbrega não tenho notícia, salvo se se trata do Fernão Lopes da Nóbrega (erro de leitura da abreviatura de Lopes pela de Lourenço), cavaleiro da Casa Real, a quem a 8.4.1475 D. Afonso V doa uma tença anual de 6.000 reais de prata. De sua mulher Maria Lobo, dizem algumas genealogias que foi filha de Martim Lopes Lobo, irmão do senhor de Alvito Diogo Lopes Lobo. Mas este Martim nasceu cerca de 1364, o que parece demasiado tardio para ter uma filha nascida cerca de 1430. Muito mais provavelmente, esta Maria Lobo seria uma das filhas mais novas de Martim Gomes Lobo, nascido cerca de 1480, que justamente foi ouvidor de todas as terras do 1º duque de Bragança (1419), o que justifica a ligação de Maria Lobo a esta Casa.
3.3.1. Diogo da Mesquita, nascido cerca de 1459, que as genealogias não referem, mas que, pelo que se diz adiante sobre seu primo Fernão da Mesquita, é certamente o cónego da Colegiada de Guimarães que com ele aí instituiu morgadio numa capela que lhe deu o duque de Bragança D.Fernando, necessariamente o 3º duque, nascido em 1430 e falecido em 1483. O que significa que este Diogo da Mesquita teria cerca de 34 anos quando o duque morreu, pelo que, além de cónego, era certamente seu criado e recebeu a dita capela em testamento ou pouco antes da morte do duque. E foi este cónego, afinal o herdeiro da representação da família, que certamente levou um ramo dela a fixar-se em Guimarães.
3.3.2. Beatriz da Mesquita, nascida cerca de 1460, sobre quem há alguma confusão com a homónima filha de Pedro Martins da Mesquita, da quinta do Corgo. Gaio diz que casou com o contador do Porto João Brandão [20] , de quem foi 1ª mulher e de quem teve pelo menos uma filha, Isabel Brandão, nascida cerca 1485, que casou com João Sanches, juiz (1486, 93, 98, 1505 e 10) e vereador (1481 e 1485) do Porto. João Brandão esteve na batalha de Alfarrobeira por D. Afonso V (era então escudeiro da Casa Real e recebeu a 15.7.1450 bens de indivíduos que os perderam por ter estado nessa batalha pelo lado do infante D. Pedro) e foi tesoureiro e recebedor da Moeda (1464) e depois contador do Porto (1472), cidade onde faleceu velho em 1501, estando sepultado em belo túmulo armoriado na igreja de S. Francisco. Já como cavaleiro da Casa Real e tesoureiro da Moeda do Porto, João Brandão recebeu a 11.6.1469 de D. Afonso V a administração de uma capela na igreja de Sela, terra de Santa Maria, bem como as suas terras e rendas. A 1.1.1466 o mesmo rei confirma-lhe o aforamento de umas casas na rua Formosa, na cidade do Porto, por 55 libras da moeda antiga, com determinadas condições, entre as quais o melhoramento do edifício. João Brandão era filho de Álvaro Gonçalves Brandão, pajem de lança de D. João I, e de sua primeira mulher Maria Pinto, e bisneto paterno de Gonçalo Lopes Brandão, certamente o Gonçalo Brandão a quem D. Domingos Geraldes Brandão deixa, no seu testamento de 29.10.1381, o lugar de Bonjardim, no Porto, como diz Alão. Aquele Álvaro Gonçalves Brandão, sendo referido como criado do rei D. Duarte e morador em Sanfins, teve de D. Afonso V a 9.9.1439 carta de privilégio para todos os seus caseiros, lavradores, mordomos e apaniguados da comarca e correição da Beira. Voltando a Beatriz da Mesquita, julgo que já tinha casado a 1º vez com João de Figueiroa [21] , o Velho, do Porto, de quem foi 2ª mulher. As genealogias não referem o nome desta mulher de João de Figueiroa, dizendo apenas que ele casou em Guimarães, sendo que teve uma filha chamada Beatriz da Mesquita. Ora, por essa altura (cerca de 1475/80) só uma irmã do cónego Diogo de Mesquita aí viveria (com ele) nesta condições e sendo Mesquita. E seria justamente esta Beatriz (também o nome da filha), que assim terá casado a 1ª vez cerca de 1475/80 com João de Figueiroa, já viúvo, e depois casou 2ª vez, cerca de 1485, com João Brandão, de quem foi 1ª mulher e de quem teve uma filha. João de Figueiroa era filho de Afonso de Figueiroa, cidadão do Porto, e neto de Martim de Figueiroa, mestre do barinel “Rosto Formoso”, que jaz em S. Francisco do Porto, na capela de Nª Sª da Esperança. Com geração de seu 1º marido num ramo [22] dos Figueiroa do Porto, onde alguns usaram Figueiroa da Mesquita ou só Mesquita, e de seu 2º marido com geração nos Brandão Sanches, também uma família dominante no Porto do séc. XVI.
3.3.3. Martim (Anes) da Mesquita, nascido cerca de 1461, que Gaio chama apenas Martim da Mesquita e Alão chama Martim Anes da Mesquita. Não o consegui documentar, mas se foi Martim Anes duvido que tenha sido filho de Luiz Pimental ou da Mesquita, sendo neste caso muito provável que fosse filho (natural) de Frei João (Lopes) da Mesquita, referido acima, pois é demasiado rebuscado dizer que foi buscar o patronímico Anes a seus propostos trisavô ou tios-bisavós. Segundo Alão, Martim Anes da Mesquita casou com Filipa de Magalhães, filha de Paio Rodrigues de Magalhães (vide Ensaio sobre a origem dos Magalhães).
3.3.4. Inez da Mesquita, segundo Alão, que diz ter casado com Mossen Espilha, fidalgo de Barcelona, e não terem tido filhos, pelo que instituiu um morgadio em Barcelona que deixou a seu sobrinho Paio Rodrigues da Mesquita, filho de Martim (Anes) da Mesquita, referido acima.
3.4. Diogo da Mesquita, nascido cerca 1439, que a 25.5.1462 foi nomeado por D. Afonso V para o cargo de porteiro das sisas da vila de Bragança. As genealogias não dão nenhum filho Diogo a Inez Esteves, mas a cronologia obriga a que fosse dela o Diogo que Alão atribui a seu irmão Lopo Esteves. Este autor diz apenas que este Diogo casou em Vila Real, referindo depois em nota que a mulher se chamou Guiomar Borges. Mas há aqui engano evidente, tanto mais que adiante dá um Diogo da Mesquita, filho de Lopo Martins, como tendo casado com Isabel Botelho, filha de Afonso Botelho e Tereza Correa. Ora, estes Afonso Botelho e Tereza Correa casaram em Guimarães em 1441, pelo que a filha terá casado com este Diogo e não com seu sobrinho, que no mínimo era 20 anos mais novo do que sua alegada mulher. Alão diz que o Diogo da Mesquita em epígrafe casou 2ª vez com Joana de Azevedo, sendo esta filha de Diogo de Azevedo, de Sabrosa. Já Gaio diz que esta Joana de Azevedo era filha de Vasco Pereira de Sampaio e de sua mulher Joana de Azevedo, sendo esta já viúva de Lopo Martins da Mesquita (de quem foi 2ª mulher), portanto irmão deste Diogo da Mesquita, e filha do dito Diogo de Azevedo, de Sabrosa. Mas não é aceitável que este Diogo tivesse casado com uma filha do 2º casamento da viúva de seu irmão, de quem já era 2ª mulher, e muito menos com a própria viúva, a quem só se atribui um 2º casamento, com o dito Vasco Pereira de Sampaio. Ora, como Alão confunde os dois Diogo da Mesquita, tio e sobrinho, este 2º casamento com Joana de Azevedo deve pertencer ao sobrinho, que assim era necessariamente filho do 1º casamento de Lopo Martins. Acresce que, como explico em «Ascendências Visienses», não é crível que Afonso Botelho e Tereza Correa tivessem tido duas filhas chamadas Isabel Botelho. Logo, esta é a Isabel Botelho Correa, nascida em 1442, que casou cerca de 1459 com João Afonso de Proença, que trato no meu Ensaio sobre a origem dos Proença. Assim, Isabel Botelho Correa terá casado 2ª vez, cerca de 1470, com o Diogo da Mesquita em epígrafe, de quem terá tido mais sete filhos, o último dos quais nascido cerca de 1480/2, tinha Isabel Botelho Correa 38 a 40 anos de idade.
3.4.1. Francisco da Mesquita, nascido cerca de 1471, que Alão erradamente dá como neto de Lopo Martins, como vimos. Diz este autor que foi criado do 1º marquês de Vila Real (que nasceu cerca de 1435 e morreu em 1499), e que morreu na Índia, sem geração. Talvez o homónimo que teve foro de escudeiro fidalgo da Casa Real (Ementas, 7, 65) e uma tença (ib, 3, 97).
3.4.2. Luiz da Mesquita, que Alão diz também que morreu na Índia, sem geração.
3.4.3. João Correa (da Mesquita), nascido cerca de 1473, que Alão diz também que morreu na Índia. Julgo ser este o João Correa que foi senhor da quinta de Arnoza, em S. João do Barreiro (Besteiros - Tondela), onde terá casado, mas que também viveu em Vila Real, onde foi o 1º senhor do prazo do casal de Donelo, em S. Pedro da Cova, que a Mitra de Braga renovou em 1ª vida a sua proposta neta Isabel Leitão. Teria assim sido pai de:
3.4.3.1. Lucrécia Correa, senhora da quinta de Arnoza, em S. João do Barreiro (Besteiros - Tondela), que casou com Gonçalo Lobo, de Vila Real, filho de Fernão Lobo e neto paterno de Pedro Barbosa, do paço de Aborim, referido no meu Ensaio sobre a origem dos Correa. Destes foi filha herdeira D. Maria Correa Botelho, que casou cerca de 1535 com Manuel de Azevedo (Coutinho), comendador de S. Julião de Lobão (Besteiros) na Ordem de Cristo, cavaleiro fidalgo da Casa Real, 1º morgado de S. Sebastião de Besteiros ou casa do Quintal, etc., com geração.
3.4.3.2. Beatriz Correa, nascida cerca de 1512, que sucedeu em 2ª vida no prazo do casal de Donelo e casou com Francisco Leitão (de Almeida), de Ribeira de Pena, referidos no meu estudo sobre as Famílias de Ribeira de Pena, onde segue. Alão e Gaio dão esta Beatriz (a que chamam Mesquita, mas documenta-se Correa) como irmã do João Correa que leva por pai. Mas tendo esta Beatriz o marido ainda vivo em 1569 e um filho a casar em 1570, não podia ser filha de Diogo da Mesquita. Outras genealogias dão desta Beatriz como filha do contador de Trás-os-Montes João Correa da Mesquita, referido adiante, neto materno de Diogo da Mesquita, o que também é anacrónico.
3.4.4. Pedro da Mesquita Botelho, nascido cerca de 1474, criado do marquês de Vila Real, com quem foi para Ceuta, segundo Alão, que diz aí ter casado com Guiomar Teixeira, filha de Martim Teixeira, aí escrivão dos órfãos, com geração. Julgo que este não era Martim mas sim o Garfim Teixeira, escudeiro da Casa Real, que a 8.12.1472 D. Afonso V nomeou para o cargo de almoxarife na vila de Arzila, exercendo da mesma forma como os almoxarifes das cidades de Ceuta e de Tânger, e que já a 12.3.1466 fora nomeado para o cargo de aposentador em Alcácer, em substituição de João da Mata, que morrera.
3.4.6. Catarina da Mesquita, que Alão diz ter casado com Bento de Barros, de Vila Real, com geração.
3.4.6. Helena da Mesquita, que Alão diz ter casado com Nuno Coutinho, com geração.
3.4.7. Inez da Mesquita, que Alão diz ter casado com Francisco de Barros, de Favaios (Vila Real), com geração, sendo nomeadamente pais de João Correa da Mesquita, que foi contador de Trás-os--Montes, com geração nos morgados de Abaças, vinculo que obrigava ao uso pelos seus administradores do nome «da Mesquita» [27] .
3.5. Doutor Fernão da Mesquita, desembargador da Casa da Suplicação, por carta de 29.1.1492, onde é referido como Fernando da Mesquita. Nasceu cerca 1440 e faleceu antes de 5.9.1519. Como Fernão Martins tirou ordens menores em Braga a 23.9.1452, com seus irmãos Álvaro e Luiz, vindo referido depois deles. É certamente o Fernão da Mesquita, cavaleiro da Casa de D. Afonso, a quem a 14.11.1471 D. Afonso V perdoou o degredo de 7 anos e qualquer outra pena por não o ter cumprido, a que fora condenado para a cidade de Ceuta, pela morte de João de Mós, criado de Vasco Fernandes de Sampaio, na sequência do perdão geral outorgado aos homiziados que serviram na armada e conquistas da vila de Arzila e cidade de Tânger. Como Fernando da Mesquita teve de D. João II em 1492 a doação de umas casas na cidade em Évora. E o próprio assina como «doutor Fernã da Myzquita», do Desembargo d'el rei, um recibo de 21.4.1510 sobre 60.000 reais, como constam dos quatro conhecimentos juntos, do primeiro quartel, que levam os desembargadores da Casa da Suplicação de seus ordenados. Gaio, que faz grossa confusão entre este e o homónimo de Guimarães, referido adiante, diz que Fernão da Mesquita «foi-se formar a Lorena por não haver universidade neste Reino». Alão diz apenas que instituiu o morgadio de Sovereira, no termo de Sousel. Segundo as mesmas genealogias, casou com Joana de Lucena, «que recebeu à hora da morte» (Gaio), que Alão diz irmã do Dr. Diogo Fernandes, ambos filhos de Mestre Rodrigo, médico de D. João II. Este casamento documenta-se, pois a 5.9.1519 «Joana de Luçena molher que foy do doctor fernam da Mizquita» tinha emprazado por 36 reais um chão da comenda de Mendo Marques, na Ordem de Cristo, «que estaa dentro em suas casas em que estaa huua escaada de pedra», e a 6.5.1520 Joana de Lucena, viúva do doutor Fernão da Mesquita, teve a carta de privilégio para seus criados, homens, mordomos, caseiros e lavradores que estejam e lavrem em suas quintas e casais encabeçados (CC, II, 89, 69). Curiosamente, documentam-se vários contemporâneos chamados Mestre Rodrigo e todos cirurgiões. Se bem que apenas um como físico do príncipe D. João (ainda não rei), depois de o ter sido dos infantes D. Pedro, D. Henrique e D. João e do próprio rei D. Afonso V, que a 13.9.1475, sendo referido como doutor mestre Rodrigo, físico do príncipe D. João, foi nomeado físico-mor do reino. Este Mestre Rodrigo era casado com Isabel Martins, que a 27.1.1463 teve confirmação real do perfilhamento de Beatriz Rodrigues e de Mor Rodrigues, provavelmente filhas dele. Mas há outro Mestre Rodrigo, morador na vila de Barcelos e cirurgião do duque de Bragança, que a 5.1.1454 foi recebido por vassalo de D. Afonso V, concedendo-lhe aposentação sem ter atingido a idade. Qual dos dois foi o pai de Joana de Lucena não sei, se bem que só o 1º foi médico de D. João II. Mas nenhum dos dois parece ter sido Lucena e seguramente nenhum aparece como tal. Pelo que Lucena seria a mãe, o que parece inviabilizar o 1º, como vimos casado com uma Isabel Martins. Pelo contrário, o que se documenta é que o 1º foi pai do Dr. Diogo de Olivença, referido como filho do doutor mestre Rodrigo, físico-mor, quando a 5.11.1481 foi nomeado desembargador da Casa da Suplicação, tendo para seu mantimento 500.000 reais de prata, com todas as honras e liberdades. Por outro lado, Alão acrescenta que Fernão da Mesquita teve um filho bastardo chamado Iñigo numa «mulher nobre» de Barcelona. Poderá aquela Joana de Lucena ser parente do Pedro de Lucena, biscainho, morador em Bilbao, a quem a 16.8.1463 D. Afonso V isentou do pagamento da dízima sobre quaisquer armas que enviar para o reino? Outra dúvida é saber que filhos do doutor Fernão da Mesquita seriam de Joana de Lucena, pois Filipa da Mesquita, dada como tal, era afinal filha natural, havida em Ana Fernandes, mulher solteira.
3.5.1. Álvaro da Mesquita, n. cerca de 1461, que deve ser o homónimo, criado de D. Afonso de Portugal, com quem foi para Elvas e depois para Évora, quando D. Afonso foi bispo desta cidade em 1485, e o Álvaro da Mesquita que foi almoxarife das rendas de Alvito, do almoxarifado de Estremoz, cargo em que a 21.1.1496 sucedeu João Pereira, cavaleiro da Casa del-rei, fidalgo do Conde de Faro, como até então fora, por carta de D. Afonso V, Álvaro da Mesquita, mas o rei não quis que fosse mais. Alão diz ter casado com Guiomar Casco, filha de João Casco, com geração. Este João Casco deve ser o homónimo, cavaleiro, morador em Elvas, que a 16.7.1454 D. Afonso V nomeou por 5 anos para o cargo de coudel nessa vila e seu termo.
3.5.2. Beatriz da Mesquita, que morreu nova.
3.5.3. Diogo da Mesquita, que Alão diz ter casado com (Maria) de Souza, viúva de Rui Casco. Este casamento ter-se-á realizado depois de 5.4.1481, pois Rui Casco parece ser o homónimo, cavaleiro da Casa Real, morador na cidade de Évora, que nessa data foi nomeado coudel nesta cidade e seu termo. Devendo ainda ser o Rui Casco, escudeiro, que, acusado de ferir Álvaro Ferreira e sua mulher, a 24.1.1453 D. Afonso V perdoa a justiça régia e os últimos 7 meses de degredo na cidade de Évora. E o Rui Casco, cavaleiro da Casa Real, que a 24.5.1463 teve uma tença anual de 14.000 reais de prata e a 3.1.1470 outra de 2.500 reais de prata. E ainda o homónimo, cavaleiro da Casa Real, a quem o rei doou a 24.91475 o direito dos pretos da cidade de Évora. Na carta de armas (8.7.1669, para Mesquita e Oliveira) de Francisco da Mesquita de Oliveira [23] , morador em Castelo Branco, 5º neto deste Diogo de Mesquita, não se refere a respectiva a mulher, dizendo-se apenas que era filho de Fernão da Mesquita, senhor do morgado da Sovereira, e neto de Martim Gonçalves Pimentel e Inez da Mesquita.
3.5.4. Cristóvão da Mesquita, nascido cerca de 1475, que Alão não inclui entre os filhos do doutor Fernão da Mesquita mas que, desentroncado, diz que «alguns querem» que fosse filho de Fernão Martins da Mesquita, porventura sem se aperceber que Fernão Martins (como aparece nas ordens menores) e o doutor Fernão da Mesquita são a mesma pessoa. Este autor não dá mulher a Cristóvão da Mesquita, mas diz que foi pai de Diogo da Mesquita, que morreu na Índia, solteiro, e de Genebra da Mesquita, que casou com seu primo Francisco Sobrinho da Mesquita, como ficou referido acima. Talvez seja o Cristóvão de Mesquita que D. João III nomeou almoxarife de Torre de Moncorvo.
3.5.5. (N?) Iñigo Pires, que podia ser bastardo ou filho de Joana de Lucena, como ficou dito. Alão acrescenta que casou em Lamego com Isabel de Carvalho e viveu em Vilarinho de S. Romão, com geração. Na verdade, foi abade de S. João de Arroios e Vilarinho de S. Romão e teve de Isabel Lourenço de Carvalho um filho, António Pires de Carvalho, legitimado por D. Manuel I (1 de LN, 111v).
3.5.6. (L) Filipa da Mesquita, nascida cerca de 1489 e legitimada [24] por carta real de 4.7.1503, como filha do doutor Fernão de Mesquita, desembargador da Casa da Suplicação, e de Ana Fernandes, mulher solteira. Casou cerca de 1504 com Álvaro Guedes, fidalgo da Casa Real, com cartas de privilégios de 24.1.1515 e 13.9.1532, filho natural do 3º senhor de Murça. Com geração [25a].
3.6. Violante Martins da Mesquita, n. cerca de 1441, que Alão hesita em chamar Violante ou Leonor e diz ter casado em Vila Real com Dinis Vaz Moutinho, que Gaio diz filho de Vasco Afonso Moutinho, morador em Vila Real, onde a 20.11.1429 teve autorização real para fazer o convento de S. Domingos. Sendo certo que um Vasco Afonso Moutinho, morador em Vila Real, foi a 4.8.1445 privilegiado por D. Afonso V, a pedido de Vasco Martins de Resende, fidalgo da sua Casa, que lhe concedeu a aposentação como vassalo. Uma recente obra de António Taveira («Fernão de Magalhães "o do Estreito" de Santa Maria da Sé do Porto», Porto 2010), documenta um Pedro Vaz Moutinho, morador em Vila Real e depois no Porto, como pai de Inez Vaz Moutinho, n. cerca de 1458, que como filha de Pedro Vaz estava casada antes de Março de 1475 com Rui de Magalhães, que refiro no meu Ensaio sobre a origem dos Magalhães, sendo pais de Aires de Magalhães, que recebeu ordens de Evangelho em Braga a 22.12.1509. António Taveira propõe na dita obra que Rui de Magalhães seria já viúvo de Aldonça da Mesquita, referida adiante, que seria tia materna desta Inez Vaz Moutinho. Sabemos que deste casamento nasceu, pelo menos, o antedito Aires de Magalhães. António Taveira defende que deste 2º matrimónio Inez Vaz Moutinho também nasceu o celebrado Fernão de Magalhães, mas eu julgo que era filho do 1º casamento, tal como diz a melhor tradição genealógica e melhor se explica adiante. Pedro Vaz Moutinho documenta-se contudo, como também se diz na citada obra, casado com Inez Gonçalves, sua viúva com filhos menores em 1505. Mas não parece que a avó de Aires de Magalhães possa ter filhos menores em 1505 nem que esta Inez Gonçalves fosse Mesquita, pelo que seria 2ª mulher de Pedro Vaz Moutinho [25b] .
3.6.1. Fernão da Mesquita Moutinho, n. cerca de 1457, que Alão diz ter casado com mulher que não nomeia e dela ter tido um único filho, Diogo da Mesquita Moutinho, que confunde com o Diogo da Mesquita casado com Inez Borges, referido adiante. Gaio dá Diogo da Mesquita Moutinho como irmão e não filho deste Fernão (a que chama Fernão Vaz Moutinho), e diz que casou 2ª vez com Beatriz de Almeida, sem geração. Há um Fernando da Mesquita Moutinho que a 21.8.1548 teve carta de armas para Moutinho, como filho de João Moutinho e neto de Martim Anes Moutinho. É muito provável que este João Moutinho tenha casado com uma filha (sua parente) deste Fernão. Esta filha pode ter nascido em 1480 e Fernando da Mesquita Moutinho nascido em 1496. O referido António Taveira localizou o testamento do Fernão da Mesquita Moutinho em epígrafe, que faleceu em Estremoz e se mandou sepultar no mosteiro de S. Domingos de Vila Real. Dele foram filhos Diogo da Mesquita e o Álvaro da Mesquita, primo ou sobrinho e companheiro do navegador Fernão de Magalhães na sua viagem de circum-navegação, comandando a nau «Santo António», depois de João de Cartagena ter desertado, tendo o próprio Álvaro da Mesquita (ou a nau que comandava) desertado mais tarde, em 1520, regressando a Castela. Não se sabe ao certo o destino posterior de Álvaro da Mesquita, pelo que pode ser o Álvaro da Mesquita a quem D. João III coutou a 19.3.1532 a herdade do Azinhal e o homónimo que foi recebedor do trato dos escravos de S. Tomé. Parece que este Álvaro casou com Constança Gonçalves, filha natural de Fernão (ou Gonçalo) Anes, vigário da igreja matriz de Elvas e depois da Sé, senhor da dita herdade, que instituiu duas capelas em que sucedeu a filha, com geração nos Mesquita Pimentel e Pavia, de Évora.
3.6.2. Diogo da Mesquita, casado com Inez Borges. Alão refere um Diogo da Mesquita casado com Inez Borges, filha de Pedro Borges. Ora, documenta-se um Diogo da Mesquita, escudeiro, que vivia no Porto casado com Inez Borges quando a 27.6.1496 a mesa abacial de Paço de Sousa fez a ambos o prazo do casal de Fafiães [32a]. Foram pais de Diogo da Mesquita Moutinho casado com Beatriz de Almeida. Como refere o citado António Taveira, Diogo da Mesquita Moutinho, cavaleiro do marquês de Vila Real, morador naquela vila, pediu a 24.5.1516 em Estremoz traslado do testamento do tio Fernão da Mesquita, na posse de seu primo Diogo da Mesquita, filho deste, para lhe dar cumprimento. E a 12.1.1521 Diogo da Mesquita Moutinho, escudeiro, e sua mulher Beatriz de Almeida, emprazaram umas casas em Vila Real para dar cumprimento à renda anual de 1.000 reais para a capela de Fernão da Mesquita.
3.6.3. Álvaro Vaz Moutinho, casado com Constança Álvares, de Elvas, segundo António Taveira, ib.
3.6.4. Pedro da Mesquita, que Alão diz ter casado com Isabel de Andrade, irmã de Baltazar de Andrade, mestre-escola de Gramática da Colegiada de Guimarães. Com geração extinta.
3.6.5. Ana da Mesquita, freira no mosteiro de Rio Tinto, segundo Alão.
3.6.6. Catarina da Mesquita, freira no mosteiro de Rio Tinto, segundo Alão.
3.6.7. ?Dr. António Moutinho, não referido pelas genealogias, mas que poderia ser filho ou neto de Dinis Vaz Moutinho. O licenciado António Moutinho a 20.9.1547 documenta-se como provedor da Santa Casa da Misericórdia de Vila Real [32b].
3.7. Beatriz Martins da Mesquita, nascida cerca de 1442, que se documenta criada da duquesa de Bragança D. Constança de Noronha (falecida em 1480) e que Alão diz que foi sua camareira. Casou cerca de 1457 com Fernão de Magalhães (vide Ensaio sobre a origem dos Magalhães) antes de 10.7.1463, data em que, já como sua mulher, teve de D. Afonso V uma tença de 15.000 reais de prata. Fernão de Magalhães, que nasceu cerca de 1425 e faleceu depois de 1498, foi fidalgo da Casa do duque de Bragança e depois da Casa Real e senhor da quinta de Briteiros, no termo de Guimarães, que comprou à condessa de Faro D. Maria de Noronha. A 12.1.1474 a duquesa de Bragança D. Constança de Noronha fez-lhe a si e a sua mulher o prazo por três vidas da terra de Antemil, em S. João de Penselo, termo de Guimarães. Dizem as genealogias que foi senhor do Outeiro de Poldros. Esteve em Touro, pois aí lhe deu D. Afonso V a 26.4.1476 a renda da carne de porco de Parada de Gatim. A 13.4.1468 confirmou a doação a Lopo Gomes, cavaleiro do conde de Guimarães, de 15.000 reais de prata que lhe foram doados por Afonso de Arcos, alcaide na vila de Tarifa, no reino de Castela, dos quais doou 7.000 reais de prata a Fernão de Magalhães, cavaleiro do dito conde. E a 20.4.1468 doou a Fernão de Magalhães, cavaleiro do conde de Guimarães, uma tença anual de 7.000 reais de prata, enquanto sua mercê for, a partir de 1.1.1468, dos 15.000 reais de prata que Lopo Gomes, cavaleiro do dito conde, comprou a Afonso de Arcos, morador em Tarifa. A 20.3.1497 D. Manuel I confirmou esta tença a Fernão de Magalhães, cavaleiro que foi do falecido duque de Bragança, e, a requerimento seu, a 6.1.1498 passou-a seu filho Gonçalo Rodrigues de Magalhães, fidalgo da sua Casa, sendo então Fernão de Magalhães já referido também como fidalgo ca Casa de D. Manuel I. Dizem também que esteve na batalha de Alfarrobeira pelo rei. Por causa de um cão, ao que dizem, matou Álvaro Soares de Albergaria, filho do senhor do Prado, junto à ponte do Prado (Braga) em finais de 1463 ou início de 1464, pelo que foi degredado um ano para Alcácer Seguer, degredo de que foi perdoado por D. Afonso V a 14.2.1464, na sequência do perdão geral outorgado aos homiziados que serviram na armada real em Ceuta. A 30.12.1452 o mesmo rei concedeu carta de privilégio a Fernão de Magalhães, para todos os seus mordomos, lavradores, amos e apaniguados da comarca e correição de Entre-o-Douro-e-Minho. Era filho de Gil Afonso de Magalhães e de sua mulher Mécia de Souza.
3.7.1. Violante de Magalhães, n. cerca de 1458, que foi a 2ª mulher de Gonçalo Coelho, 4º senhor de juro e herdade de Felgueiras e Vieira do Minho (confirmação de 17.8.1497), etc., falecido em 1510. A 12.2.1498 D. Manuel I confirmou a Gonçalo Coelho, fidalgo da sua Casa, uma tença de 18.000 reais em contentamento de seu serviço e casamento, que tivera de D. Afonso V a 25.5.1472. Violante de Magalhães e seu marido viviam em Sendim (Felgueiras) quando a 26.10.1493 seu filho Aires Coelho tirou ordens menores. Os ditos senhorios eram do pai dele, Martim Coelho, que os perdeu por ter estado em Alfarrobeira com o infante D. Pedro. Com efeito, a 11.6.1449 D. Afonso V doa a Gonçalo Pereira, fidalgo da sua Casa, as terras de Felgueiras e de Vieira, que pertenceram a Martim Coelho, que as perdera por ter participado ao lado do infante D. Pedro na batalha de Alfarrobeira. Dá ideia que depois foi perdoado e os senhorios lhe foram restituídos, pois a 13.7.1451 o mesmo rei perdoa a justiça régia a Martim Coelho, senhor de Felgueiras, acusado de fazer algumas assuadas, de derrubar uma casa e de roubar uma quintã, tendo pago 200 reais de prata. Só que a 27 de Dezembro desse mesmo ano D. Afonso V doou para sempre a D. Fernando Coutinho, marechal, as terras de Felgueiras e Vieira, com todas as suas rendas, direitos, foros, tributos, emprazamentos, montes, fontes, rios, pescarias, jurisdição cível, crime e mero e misto império, reservando para si a correição e alçada, que eram pertença de Martim Coelho que as perdera porque participara na batalha de Alfarrobeira, sendo posteriormente doadas a Gonçalo Pereira, que morrera. Depois disto, houve um acordo entre Martim Coelho o marechal D. Fernando Coutinho: o primeiro ficou com as terras nas condições que o marechal as tinha, a troco de uma tença anual de 20.000 reais, a pagar pelo rei ao marechal, até lhe serem pagas 2.000 mil coroas, o que foi confirmado por carta de D. Afonso V de 17.7.1459. A 11.5.1468 já as terras eram de seu filho Gonçalo, pois nesta data o mesmo rei perdoou a justiça régia e a fuga da prisão a João Anes de Ataíde, morador no julgado de Felgueiras, terra de Gonçalo Coelho. Sendo nelas confirmado por D. Manuel I a 17.8.1497. E nestas terras sucedeu a 21.6.1510 seu filho Aires Coelho.
3.7.2. Diogo de Souza (de Magalhães), que tirou ordens menores em Braga a 22.9.1473 e dizem as genealogias que foi morto por Baltazar de Sequeira, em vingança da morte de seu tio Álvaro Soares de Albergaria, em 1475, em que este Diogo também estaria envolvido. Talvez seja o Diogo de Souza cujo escudeiro Diogo Pires fugiu da prisão (talvez acusado da morte de Álvaro Soares de Albergaria), fuga essa de que foi responsabilizado João Álvares, alcaide pequeno que foi de Gerez, que a 24.4.1481 obteve perdão da justiça régia, mediante o perdão das partes (instrumento público de perdão de 6.4.1481), tendo pago 1.200 reais para a Piedade. Morreu solteiro, sem geração.
3.7.3. Genebra de Souza, que casou com Pedro Gomes de Abreu, 5º senhor de Regalados, etc., com geração. Este Pedro Gomes [28] era filho de Lopo Gomes de Abreu, nascido cerca de 1432, que foi 4º senhor de Regalados (é certo mas não há carta de confirmação) e teve confirmado o senhorio de Valadares, com todas as suas rendas, direitos, foros, tributos, pertenças e jurisdições, por carta real de 2.5.1469. Mas faleceu logo depois, pois a 23.8.1469 D. Afonso V privilegiou Leonel de Lima, do seu Conselho, tutor de Pedro Gomes de Abreu, seu neto, filho de Lopo Gomes de Abreu, e herdeiro dos seus bens, concedendo-lhe licença para penhorar a terra de Regalados, para da sua renda poder pagar a D. Inez, sua filha, os 200.000 reais de dote e arras que esta tinha direito a receber pela morte de seu marido.
3.7.4. Álvaro de Souza de Magalhães, que tirou ordens menores em Braga a 16.6.1481 e provavelmente foi clérigo, uma vez que o sucessor foi seu irmão Gonçalo. Assim, não casou, mas teve filhos de Violante Pais, filha de Diogo de Meirelles.
3.7.5. Gonçalo Rodrigues de Magalhães, fidalgo da Casa Real, que sucedeu, nomeadamente na quinta de Briteiros. Tirou ordens menores em Braga em Marco de 1482 e a 6.1.1498 teve confirmação da tença de seu pai, que nele renunciara, como ficou dito. Casou com D. Briolanja de Azevedo, filha Gonçalo Coelho, 4º senhor de juro e herdade de Felgueiras e Vieira do Minho, etc., e de sua 1ª mulher D. Catarina de Souza. Este Gonçalo Coelho era cunhado de Gonçalo Rodrigues de Magalhães, pois casou 2ª vez com Violante de Magalhães, como ficou dito acima. De Gonçalo de Magalhães e de sua mulher foi filha sucessora a D. Beatriz de Magalhães a que me referi na introdução.
3.7.6. Pedro de Magalhães, que tirou ordens menores em Braga em Março de 1482 e parece ser o homónimo que a 20.4.1486 teve de D. João II uma tença de 12.000 reais. Casou com D. Isabel de Sousa, filha de Diogo de Sampayo, 4º senhor de juro e herdade de Anciães (21.1.1463), falecido em 1498, e sua mulher D. Briolanja de Sousa. A 21.1.1463 D. Afonso V doou a Diogo de Sampayo, filho de Rui Lopes de Sampayo, em memória dos serviços prestados, a jurisdição do cível e crime de Anciães e seu termo, autorizando-o a nomear juízes, tabeliães e meirinhos. A 23.2.1472 o mesmo rei doou a Diogo de Sampayo, fidalgo da sua Casa, os bens móveis e de raiz que pertenciam a Fernão Vasques de Mourão, que os perdera por não pagar os direitos régios dos panos que trouxera de Castela, contanto que não faça avença com o dito Fernão Vasques de Mourão. A 13.9.1475 D. Afonso V privilegiou Diogo de Sampayo, fidalgo da sua Casa, concedendo licença para que a sua filha possa herdar o seu morgado e terras, caso morra sem filho varão. A 4.6.1480 perdoou a justiça régia e concede carta de segurança a Bartolomeu Vasques, Lourenço Pires e Gomes Vieira, moradores na vila Lagos, pela morte de Diogo de Sampayo, mediante o perdão das partes, contanto que vão cinco anos para a vila de Arzila. Insertos instrumentos públicos de perdão de 15.3.1479, 5.4.1479, 3.9.1479, 13.5.1480 e 16.5.1480. Com geração, sendo seus filhos Fernão e Rui, que tiraram ordens menores a 31.3.1504 e 8.5.1504.
3.7.7. Constança de Magalhães, que foi a 1ª mulher de seu parente Francisco de Magalhães, fidalgo da Casa Real, que tirou ordens menores em Braga a 6.5.1486, filho dos 2ºs senhores da Barca, sem geração.
3.8. Isabel Martins da Mesquita, que Alão diz ter casado com João da Franca, de Vila Real. Gaio diz que este João da Franca era irmão de Beatriz Afonso da Granja, casada adiante com Lopo Martins da Mesquita, irmão desta Isabel. Sem geração.
3.9. Aldonça da Mesquita, nascida cerca de 1447, que Alão diz ter casado com Rui de Magalhães, alcaide-mor de Aveiro, acrescentando que «dizem alguns» ter sido pai do célebre Fernão de Magalhães. Mas, noutro passo, Alão dá este Fernão de Magalhães como irmão de Genebra de Magalhães, filha de Gil de Magalhães. Esta mesma dúvida permanece em Gaio, que não sabe ao certo se Fernão de Magalhães seria filho de Gil de Magalhães, preferindo contudo a hipótese de ser filho do Lopo Rodrigues de Magalhães, o que é tão improvável como a sua existência. Por outro lado, Alão refere-se também a um testemunho de Rui Pereira da Sampayo, que diz ter ouvido sua mãe (neta de Fernão de Magalhães, senhor da quintã de Briteiros) dizer que o célebre Fernão de Magalhães era filho de um Mesquita e de uma irmã de seu avô, o dito Fernão de Magalhães. Mas do casamento de uma irmã de Fernão de Magalhães com um Mesquita não há notícia, sendo que no seu testamento ele só refere uma irmã Isabel de Magalhães. Como diz António Taveira, na obra já citada e escrita muito depois deste trabalho estar escrito, é muito provável que Rui de Magalhães tenha casado (cerca de 1464) a 1ª vez com esta Aldonça da Mesquita, que terá falecido nova cerca de 1570, talvez de parto, e a 2ª vez com Inez Vaz Moutinho, referida acima, que se documenta com sua mulher em Março de 1475. E eu concordo. Como já ficou dito, é certo que deste 2º casamento nasceu pelo menos Aires de Magalhães. Mas nada verdadeiramente prova que Fernão de Magalhães fosse filho de Inez Vaz Moutinho. Julgo, na verdade, que o navegador, que terá nascido em Gaia, era filho de Aldonça da Mesquita, como diz a melhor tradição genealógica, e até que esta terá falecido do seu parto [29a]. Fernão de Magalhães terá assim sido criado pela madrastra Inez Vaz Moutinho. Álvaro da Mesquita continuava portanto primo do navegador. A designação de “primo carnal” não é rigorosa, como nada era rigoroso nessa época, e sobretudo não significa estritamente primo co-irmão, mas também primo do mesmo sangue (em oposição a primo por afinidade). E, tal como os termos pai e mãe, ou filho e filha, são por vezes empregues para padrastos, madrastas e enteados, e os sobrinhos incluíam os filhos e netos dos primos-direitos, também primo carnal se podia estender a filho de primos co-irmãos. De resto, o texto do Archivo General de Indias é um apanhado do autor, ou sumário, não o documento. Duvido até que no documento Álvaro da Mesquita seja referido como primo carnal. Mas, sobretudo, na época, se Fernão de Magalhães fosse filho de Aldonça, diria que Álvaro da Mesquita era seu sobrinho, porque filho de uns seus primos-direitos ou co-irmãos. E muitas fontes dizem justamente que Álvaro da Mesquita era sobrinho de Fernão de Magalhães. António Taveira consegiu ainda documentar Rui de Magalhães, cavaleiro, no Porto, entre 1473 e 1488, onde exerceu vários cargos da governança. Torna-se assim duvidoso que seja, como eu cheguei a supor, o Rui de Magalhães que em 1486 testemunhou um prazo em Aveiro (vide História sa Casa da Trofa). Será que este Rui é o irmão homónimo, que no processo do neto Lourenço (vide Ensaio sobre a origem dos Magalhães) aparece como Rui Paes de Magalhães? Neste caso, Rui (Paes) de Magalhães é que terá sido alcaide-mor de Aveiro. Embora não documente neste cargo nenhum Magalhães, podia ter sido alcaide interino pelo conde de Odemira ou por seu genro e sucessor o conde de Faro, que foram senhores de Aveiro e tinham a alcaidaria. Em resumo, Fernão de Magalhães teria nascido cerca de 1470, como concordam a maioria dos biógrafos, e sua irmã mais velha Genebra de Magalhães, cerca de 1465, data aliás mais conforme à cronologia dos filhos propostos por António Taveira, pois nesta época o primeiro casamento das mulheres fazia-se em regra entre os 13 e os 15 anos de idade.
3.10. Pedro Martins da Mesquita, nascido em Vila Flor cerca de 1456, que tirou ordens menores em Braga [29b] a 18.9.1471, sendo referido como «Pero Martinez de Mesquita, filho de Martim Gonçalluez e de Ines de Misquita sua molher da freguesia de Sam Bertollameu de Villa Frol». Foi senhor da quinta do Corgo ou Corrego, em S. Romão do Corgo (Basto), que lhe emprazou seu sogro [30] . Casou com Filipa Borges, filha natural de D. Frei Diogo Borges, que era já Dom abade comendatário do mosteiro S. Miguel de Refojos de Basto (1462) quando tirou em Braga ordens de Epístola a 17.12.1463 e de missa a 17.3.1464.
3.10.1. Beatriz da Mesquita, nascida cerca de 1478. Alão também a dá como filha de Luiz Pimentel ou Luiz da Mesquita, referido acima, pelo que fica a dúvida. Mas como essa Beatriz já proponho que tenha casado duas vezes, julgo que esta era filha de Pedro da Mesquita. Casou com Fernão Taveira, de Vila Real, talvez o Fernão Martins Taveira, «morador em casa do Duque», que a 29.6.1461 tirou ordens menores em Chaves, sendo filho de Martim Gonçalves Taveira, prior de Stª Mª de Landim, então já falecido.
3.10.2. António da Mesquita, que sucedeu no prazo da quinta do Corgo e viveu em Guimarães. Julgo ser o António da Mesquita que teve foro de escudeiro fidalgo da Casa Real (Moradias, 1, 5, 2v). E o que D. João III nomeou juiz de fora em Ponte de Lima. Casou com Ana de Madureira, filha de João de Figueiró e sua mulher Catarina Anes de Madureira, moradores no Porto Este João de Figueiró, cavaleiro fidalgo da Casa Real, foi procurador do Porto e escrivão dos órfãos desta cidade, onde em 1525 instituiu uma capela em S. Francisco. A 5.2.1524, no tabelião do judicial no Porto Rui de Couros, João de Figueiró, escudeiro da Casa del rei, fez testamento, deixando herdeiros seus filhos Gaspar de Figueiró, Ana da Madureira, casada com António da Mesquita, e Isabel de Figueiró, freira no mosteiro de Lorvão.
3.10.3. André Borges, que Alão diz ter servido na Índia e morrido em Diu com Nuno da Cunha, deixando uma filha natural.
3.10.4. Cristóvão Borges, que Alão diz ter servido na Índia, onde morreu sem geração.
3.109.5. Manuel da Mesquita, que Alão diz que foi morto em Basto por um seu criado, sem geração.
3.10.6. Helena da Mesquita, que Alão diz ter tido vários filhos do bispo da Guarda, D. Jorge de Mello, e que «acabou virtuosamente» no mosteiro de S. Bernardo, em Portalegre, que este bispo fundou. E, de facto, Helena da Mesquita teve legitimados por carta real de D. Manuel I os filhos Bernardo, António, Joana, Francisca e Manuel (CMI, PeL, LN, 3, 264 a 265).
3.10.7. Guiomar da Mesquita, que Alão diz casada com Pedro Borges, com geração.
3.10.8. Inez da Mesquita, que casou cerca de 18.6.1510 com o doutor Henrique da Cunha, contador de Entre-Douro-e-Minho, nomeado por seu pai no morgadio ditos dos Cunhas, em Barcelos. Naquela data (18.6.1510) D. Manuel I enviou ao almoxarifado de Ponte de Lima uma provisão para pagar a Henrique da Cunha 80.000 reais em parte de seu casamento, mais 70.000 reais de mercê, tendo este documento a assinatura de Henrique da Cunha. A 30.4.1511 teve provisão para receber 80.000 reais de seu mantimento. Sobre Henrique da Cunha, que viveu em Guimarães, há muita documentação, como contador da comarca de Entre Douro e Minho pelo menos entre 1515 e 1530, sendo por vezes referido como doutor Henrique da Cunha, cargo que incluía o de contador do almoxarifado de Ponte de Lima. A 12.4.1519 D. Manuel I mandou que o contador Henrique da Cunha tomasse conta aos almoxarifados das alfândegas de Viana e Caminha. O doutor Henrique da Cunha era irmão do chanceler-mor do reino doutor Cristóvão Mendes de Carvalho e de Beatriz Mendes de Carvalho, casada adiante com Fernão da Mesquita, primo-direito desta Isabel. Dizem que o nome Cunha que usou estava obrigado pela instituição do antedito morgadio, o que só se entende se ele tivesse sido instituído por um ou uma Cunha. O doutor Henrique da Cunha foi buscar este nome a sua bisavó Isabel da Cunha, casada com seu bisavô Álvaro Pereira, senhor de Souzel e 2º morgado de Águas Belas. Isabel da Cunha, a quem as genealogias tardias chamam-lhe erradamente Isabel do Carvalhal, foi filha de Martim Gonçalves e sua mulher Isabel da Cunha. A 20.8.1385 D. João I confirmou a Martim Gonçalves, tio de Fernão Pereira, a doaçãos dos bens que este tinha em Tavira (quartos, quintos, oitavas, direitos de pão, vinho, adega e louça, moinhos da Ribeira, fornos, hortas, foros dod Figueiral do Arroios), que com sua autorização real lhe doara seu sobrinho Nuno Álvares Pereira. E numa confirmação de D. Duarte de 30.11.1430 documenta-se que Fernão Martins do Carvalhal, escudeiro da Casa do infante D. João, e seu irmão Lopo Martins, arcediago de Évora, eram filhos de Martim Gonçalves, «tio de nuno aluarez pireyra que foy condestabre» e herdeiro de uns bens em Tavira que lhe deixara seu sobrinho Fernando Álvares Pereira «jrmaão do dito conde». Ou seja: Martim Gonçalves não casou com uma irmã de D. Nuno Álvares Pereira, como dizem as genealogias tardias. Era seu tio, portanto irmão da mãe de D. Nuno, Iria Gonçalves. O Pereira que aparece na descendência daquele Fernão Martins do Carvalhal vem pela mulher deste, Oriana Pereira, filha de Aires Gonçalves de Figueiredo e sua 3º mulher Leonor Pereira. Isabel da Cunha (mulher de Álvaro Pereira) terá nascido cerca de 1383 e sua mãe cerca de 1368. Não sei de que linha Cunha seria a mulher de Martim Gonçalves (do Carvalhal), mas suspeito de que seria tia do Rui da Cunha, morador em Guimarães, a quem a 1.6.1439 D. Afonso V confirmou no cargo de escrivão da sisa dos vinhos da dita vila e seu termo, em substituição de Vasco Antão, criado de João Mendes, corregedor que foi da corte, que renunciara por instrumento público de 16.9.1438. E talvez tenha sido este Rui da Cunha a instituir o antedito morgadio que obrigava o nome Cunha. Isabel da Cunha (nesta hipótese prima-direita deste deste Rui da Cunha) e seu marido Álvaro Pereira, senhor de Águas Belas, foram pais, entre outros, de Beatriz Pereira, que foi a 3ª mulher de João Mendes (Aguada), corregedor da corte para a comarca de Entre-Tejo-e-Odiana e Além-Odiana nos reinados de D. João I e D. Duarte. As genealogias tardias chamam-lhe Isabel Pereira e dizem que casou com João Mendes da Guada, corregedor da corte de D. Duarte. Mas era Beatriz e já estava viúva a 23.3.1439, data em que D. Afonso V deu carta de privilégio de fidalga para todos os seus caseiros, enquanto for viúva, a Beatriz Pereira, mulher que foi de João Mendes, corregedor da corte. Este João Mendes, que já se documenta como vassalo e corregedor da corte de D. João I a 25.8.1403, de seu 1º casamento com Branca Afonso (de Góis) teve João Mendes Aguada, também jurisconsulto, ouvidor da Casa da Suplicação (1446) e corregedor da corte para a comarca de Entre-Tejo-e-Odiana e Além-Odiana (3.6.1439). Beatriz Pereira casou 2ª vez com Lourenço Mendes (de Vasconcellos), escudeiro do conde de Atouguia e senhor da honra e couto de Nomães e da honra de Ruivães, que era filho natural do senhor de Soalhães João Mendes de Vasconcellos e neto de Gonçalo Mendes de Vasconcellos, senhor de Soalhães, Penela, etc., a quem o rei D.Fernando I confirmou a 28.2.1374 o couto da sua quintã de Nomães, no julgado de Vermoim. Sendo aqueles Lourenço Mendes (de Vasconcellos) e Beatriz Pereira pais do contador de Entre-Douro-e-Minho e da Beira e vedor do bispo de Lamego Rui Mendes (de Vasconcellos) que casou com Ana Rodrigues de Carvalho e foram pais do doutor Henrique da Cunha, como adiante se detalha. O doutor Henrique da Cunha e sua mulher tiveram vários filhos, entre eles o doutor António da Mesquita.
3.11. Inez da Mesquita, nascida cerca de 1462 (filha tardia, teria sua mãe cerca de 41 anos), «a quem o Duque de Bragança D. Fernando Iº foi muito afeiçoado», como diz Alão. Este duque nasceu em 1403 e faleceu em 1478. Inez da Mesquita foi a 1ª mulher de Diogo de Sampayo, contador de Trás-os-Montes, filho bastardo de Vasco Fernandes de Sampayo, 3º senhor de juro e herdade de Vila Flor, de Torre de Moncorvo, de Vilas Boas e de Mos (26.2.1434), senhor de juro e herdade de Bemposta (2.1.1469), senhor de juro e herdade de Sampayo (14.11.1450), 2º senhor de juro e herdade de Chacim (17.11.1449), fidalgo do Conselho (antes de 2.1.1469). etc. A 17.6.1518 D. Manuel I mandou a Diogo de Sampayo, fidalgo da sua Casa e contador da comarca de Trás-os-Montes, que cobre o que estivessem a dever os rendeiros da dita comarca. Diogo de Sampaio já era contador de Trás-os-Montes pelo menos em 1513 e a 24.1.1518 de facto documenta-se como Diogo de Sampayo, fidalgo da Casa de D. Manuel I, senhor da vila de Ranhados e contador da comarca de Trás-os-Montes, quando mandou a Francisco Martins, recebedor dos portos, que paguasse a Simão de Brito, procurador de Rui de Brito, 396.360 reais contidos em seu desembargo. E já tinha falecido a 28.6.1524 quando seus herdeiros tiveram provisão para receber 16.000 reais de graça separada.
3.11.1. Inez Vaz da Mesquita, que as genealogias não referem, mas vem na carta de armas de seu neto referida como filha de Diogo de Sampayo e sua mulher Inez da Mesquita. Diz a mesma carta de armas que casou com Afonso Vahia e foram pais de Cristóvão Vahia da Mesquita, que casou com D. Catarina de Vargas, natural de Badajoz, dama do açafate da duquesa, e foram pais de João Vahia da Mesquita, cavaleiro fidalgo da Casa de D. Manuel I, nascido em Chaves e morador em Badajoz quando a 18.7.1597 teve carta de armas para Vahia, Mesquita, Vargas e Sampayo.
3.11.2. Violante Pereira, que não terá nascido depois de 1490 e provavelmente nasceu antes, devendo ter falecido nova, antes de 1520. Gaio diz que foi a 1ª mulher de Diogo de Magalhães, que nasceu cerca de 1478, filho de Gil de Magalhães, 2º senhor de juro e herdade de Ponte da Barca (1496), senhor de juro e herdade da Nóbrega (1456), senhor de Souto de Rebordãos, do couto de Fontarcada, de Larim e Vila Chã e da honra e torre de Magalhães, e de sua 2ª mulher D. Isabel de Menezes. Este Diogo de Magalhães era fidalgo da Casa Real quando a 12.2.1509 teve procuração de sua mãe D. Isabel de Menezes, viúva de Gil de Magalhães, para que em seu nome possa receber do almoxarife de Ponte de Lima os 16.000 reais que lhe pertencem de tença. E como Diogo de Magalhães, fidalgo da Casa Real, teve a 28.7.1520 provisão para receber 15.000 reais pelo seu casamento, muito provavelmente o segundo. Gaio diz que Diogo de Magalhães viveu em Vila Real e serviu na Índia em 1506 com seu irmão Gil de Magalhães, sob o comando de Tristão da Cunha e Afonso de Albuquerque, que os armou cavaleiros na costa de Melinde. Com geração.
3.11.3. Genebra Pereira, que não terá nascido depois de 1492 e provavelmente nasceu antes. Gaio diz que foi mulher de Jorge Barreto de Magalhães, que nasceu cerca de 1480, irmão do anterior, que diz ter sido contador de Trás-os-Montes, em sucessão ao sogro, e servido na Índia com seus irmãos. A 10.12.1512 D. Isabel de Meneses, viúva de Gil de Magalhães, moradora na Ponte da Barca, constitui seu bastante procurador a seu filho Jorge Barreto para receber na Casa da Mina todas as fazendas que ficaram de seus filhos Pedro Barreto e António de Magalhães. Em 1509 um Jorge Barreto era capitão da fortaleza de Cochim. A 24.5.1514 um Jorge Barreto, fidalgo da Casa Real, teve provisão para receber em Lisboa 60.000 reais de tença, com o hábito de Cristo. A 16.6.1515 Jorge Barreto, fidalgo da Casa Real, teve provisão para receber 100.530 reais do primeiro terço de seu casamento. Como estes pagamentos vinham normalmente atrasados, o casamento deve ter-se realizado cerca de 1512. A 20.1.1516, Jorge Barreto e Simão Barreto, filhos e testamenteiros de D. Isabel de Menezes, passam recibo dos 16.000 reais que receberam do almoxarife de Ponte de Lima, por um desembargo que tinham passado a sua mãe, onde ele se assina Jorge Barreto de Magalhães. A 28.1.1518 Jorge Barreto de Magalhães deu procuração a Afonso Fernandes, para que por ele pudesse cobrar do almoxarifado de Ponte de Lima os 16.000 reais da sua tença. Pelo menos a 5.1.1524 já era contador e provedor na comarca de Trás-os-Montes, pois nesta qualidade recebeu do almoxarife da mesma comarca 42.000 reais, como procurador de Pedro Ferreira. A 11.9.1524 Jorge Barreto de Magalhães tem provisão para receber 16.000 reais de graça separada. Com geração.
3.11.4. António de Sampayo, que deve ter sido um filho tardio, nascido lá para 1495/1500. Alão diz ter sido moço da guarda roupa do príncipe D. João III e Gaio diz ter sido senhor de Ranhados e outras terras, que vendeu ao marquês de Vila Real. E, de facto, a 25.12.1550 a rainha D. Catarina mandou aos contadores de sua Casa que por essa carta, sem mais conhecimento ou mandado, levem em conta a Álvaro Lopes, seu tesoureiro, os 215.203 reais que por seu mandado deu a António de Sampaio, moço da guarda roupa do príncipe, que despendeu em coisas do seu serviço. É certo que em 1550 este António de Sampayo tinha no mínimo 50 anos de idade, pelo que fica a dúvida. Devendo contudo ser o António de Sampaio, guarda-reposte ou reposteiro, que a 18.5.1535 teve alvará para se lhe entregar a toda a cera que fosse necessária para despesa da Casa Real. Casou com D. Melícia de Mello, que Alão diz «sua parenta» e filha de Martim Afonso de Mello. Este parentesco é contudo falso, pois Mello era a mulher de Vasco Fernandes de Sampayo e o pai deste António era bastardo. Com geração.


4. Lopo Martins da Mesquita, coudel de Vila Real, nascido cerca de 1435 em Vila Flor, que tirou ordens menores em Braga [31] a 21.12.1443. Alão diz que «serviu el-Rei D. Afonso V, em muitas ocasiões de guerra; e morreu na tomada de Arzila» (Agosto de 1471). Gaio acrescenta que foi senhor de Lamas de Orelhão (Vila Real), por compra, e ouvidor do conde de Vila Real, coisas que Alão atribui a seu tio Lopo Esteves da Mesquita, como vimos. O certo é que a 6.7.1473 D. Afonso V nomeia por três anos Fernão Lobo, escudeiro, morador em Vila Real, para o cargo de coudel do dito lugar, por apresentação do conde de Vila Real, em substituição de Lopo Martins da Mesquita, que morrera. Pelo que pode perfeitamente ter morrido em Arzila. A 27.12.1471 D. Afonso V perdoa a justiça régia a Vasco Afonso, criado de Lopo Martins da Mesquita, morador em Vila Real, por querelas que dele deu Vicente Anes, na sequência do perdão geral outorgado aos homiziados que serviram na armada e tomada da vila de Arzila, bem como mediante o perdão das partes. Segundo as genealogias, Lopo Martins da Mesquita casou duas vezes, não se sabendo muito bem onde acabam os filhos de uma e começam os da outra. Alão diz que casou com Maria Afonso, filha de Afonso Domingues, mercador muito rico de Vila Real, e de sua 2ª mulher Beatriz Afonso, e que depois casou com D. Genebra de Azevedo, «da casa dos Azevedos». Gaio, citando uma justificação de nobreza feita em Vila Real, diz que a 2ª mulher se chamou Joana de Azevedo, depois casada com Vasco Pereira de Sampaio, e que a 1ª mulher, Maria Afonso da Granja, era irmã de João da Franca (casado com Isabel Martins da Mesquita, referida acima, irmã deste Lopo), ambos filhos de Afonso Domingues (da Franca?), rico mercador de Vila Real, e de sua 2ª mulher Beatriz Afonso da Granja, filha de Lopo Afonso da Granja, do tronco desta linhagem, irmão de Martim Afonso da Granja, senhor da quintã da Granja, morador em Vila Real, que era escudeiro de Pedro Afonso de Souza quando a 7.10.1385 D. João I lhe doou as honras de Lordelo e Galegos.
4.1. Fernão da Mesquita, o Velho de Guimarães, já cavaleiro da Casa do príncipe D. João (D. João II), em 1475, nascido cerca de 1455, que Gaio diz que em 1513 acompanhou a África o duque de Bragança D. Jaime (nascido em 1479 e falecido em 1532), pelo que deve ser o Fernando da Mesquita que em 1513 era capitão da caravela de Gil Eanes de Vila do Conde. Como Fernando da Mesquita teve carta de armas a 24.4.1529 para Pimentel e Mesquita, foi confirmado como juiz das sisas de Anciães (Ementas, 1, 152) e teve satisfação de seu casamento (ib, 57v). Após a morte de seu pai, foi perfilhado pela viúva de Diogo Nunes de Abreu, por instrumento público de 9.2.1475, e sete dias depois D. Afonso V confirma o perfilhamento de Fernão da Mesquita, cavaleiro da Casa do príncipe D. João, feito por Teresa Álvares, mulher que foi de Diogo Nunes de Abreu. Com seu primo o cónego Diogo da Mesquita, que ficou referido atrás, instituiu um morgadio com capela na Colegiada de Guimarães. A Corografia Portuguesa [33] diz, ao referir-se aos mosteiros, igrejas e capelas de Guimarães: «O Morgadio dos Mesquitas, que instituiu Fernão de Mesquita o Velho, & o Cónego Diogo de Mesquita, com Capella, que a este Cónego deu o Duque de Bragança Dom Fernando na Real Collegiada de Guimaraens, de que he hoje administrador Francisco de Souza da Sylva, Moço fidalgo da Casa delRey, descendente de Fernão de Mesquita, o Velho». Gaio diz que este vínculo foi instituído em 1583, o que é certamente erro, desde logo porque este Fernão já então estaria morto há muito tempo. Fernão da Mesquita casou com Beatriz Mendes de Carvalho, irmã do doutor Henrique da Cunha (casado com Inez da Mesquita, referida acima) e do doutor Cristóvão Mendes de Carvalho [34] , fidalgo do Conselho de D. João III, chanceler-mor do reino, chanceler da Casa do Cível, desembargador do Paço, corregedor-mor da Beira e Riba-Coa, juiz de fora em Coimbra (1518), fidalgo da Casa Real, comendador de S. Pedro de Galveias e Nª Sª da Fresta na Ordem de Cristo, morgado de Lamarosa e de Vila Maior, fundador do hospital de Tentúgal e dos mosteiros de Santa Clara de Trancoso (1539), para o qual obtém autorização real para vincular a comenda de Nª Sª da Fresta, e o de S. Francisco do Campo de Coimbra, etc., todos filhos de Rui Mendes (de Vasconcellos)[35a], senhor da honra e couto de Nomães e da honra de Ruivães, fidalgo da Casa Real, contador de Entre-Douro-e-Minho e da Beira, vedor do bispo de Lamego, que também viveu em Guimarães, e de sua mulher Ana Rodrigues de Carvalho, filha dos morgados de Sepões. Com geração, sendo nomeadamente [35b] pais de Rui Mendes da Mesquita, fidalgo da Casa Real que serviu na Índia e esteve na jornada de Tunes com o infante D. Luiz, sucedeu no morgadio instituído por seu avô e instituiu o morgadio Outiz, em Guimarães, tendo casado com Margarida da Silva, filha de Francisco Lopes Tinoco, com geração representada nos Souza da Silva Alcoforado, da casa da Silva. Foram também pais de Diogo da Mesquita, capitão-mor de Sofala (1552), que incluía o governo de Moçambique, referido por Diogo do Couto, que já tinha falecido a 8.11.1556 quando sua viúva, D. Luiza de Vasconcellos, escreve à rainha pedindo-lhe que se lembrasse do desamparo em que ficara ela e seus filhos, por falecimento de Diogo de Mesquita, seu marido, e que o governador da Índia a vexava com demandas e lhe tomara todos os seus bens, pelo que lhe pedia que mandasse suspender as demandas e restituir o que lhe havia tomado. Fernão da Mesquita foi ainda pai de Ana da Mesquita, que casou carca de 1520 com Pantaleão Ferreira, fidalgo da Casa Real, 2º morgado de Jerusalém (26.10.1510), cidadão e vereador da Câmara do Porto (1553), ambos vivos a 27.6.1538, data em que Pantaleão Ferreira, fidalgo da Casa Real, e Ana da Mesquita, sua mulher, moradores no Porto, venderam a Gonçalo Pires, sapateiro, umas casas onde este vivia, na rua do Souto, da parte da fraga dos Pelames, em escritura no tabelião do Porto Braz Ferreira. Ana da Mesquita, filha de Fernão da Mesquita, teve a 6.5.1520 provisão de D. Manuel I para receber 52.500 reais, dos 105.000 reais que este rei lhe deu pelo seu casamento (CC, II, 89, 69). Pantaleão Ferreira era neto sucessor João Martins Ferreira, como refiro no meu Ensaio sobre a origem dos Ferreira.
4.2. Inez da Mesquita, que Alão diz que casou com Pedro Barba, capitão em Ceuta, que durante algum tempo teve o castelo de Leiria pelo marquês de Vila Real, filho de Rui Barba, que teve esse castelo nas mesmas condições. Com geração. Deste foi neto paterno (e bisneto, simultaneamente), Pedro Barba da Mesquita, cavaleiro da Ordem de Malta, que a 7.3.1572 tirou carta de armas para Barba, Mesquita, Girão e Correa.
4.3. Isabel da Mesquita, que Alão diz ter casado com Pedro de Nisa, o Velho, de Lordelo, casal que está sepultado no mosteiro de S. Domingos de Vila Real. Gaio diz que este Pedro de Niza teve foro de escudeiro fidalgo em 1490 e era filho de Fernando de Niza. Trata-se certamente de Fernão de Nisa, escudeiro da condessa de Vila Real e vassalo da Casa Real, que a 18.3.1456 teve de D. Afonso V carta de privilégio de vassalo para todos os seus caseiros, mordomos e apaniguados da comarca e correição da Beira. E o Fernão de Nisa, almoxarife do rei em Vila Real, a pedido de quem o rei a 21.3.1467 isentou um sapateiro de Vila Real de ser posto por besteiro do conto. E ainda o Fernão de Nisa, morador em Vila Real, que aí tinha comprado sem licença real os casais e quintas de Alvites e de Lenros a Álvaro Camelo, criado do infante D. Pedro, na sequência de um litígio entre ambos, pelo que a 17.5.1469 o rei doa metade desses bens ao dito Álvaro Camelo e a outra metade dá por esmola aos cativos de Tânger. Com geração.
4.4. Diogo da Mesquita, nascido cerca de 1459, que Alão diz que foi pajem do 1º marquês de Vila Real (nascido cerca de 1435 e falecido em 1499). Como ficou dito, Alão necessariamente confundiu, dada a cronologia, este Diogo com seu tio paterno homónimo. Este, de facto, não podia ter casado com Isabel Botelho, pelo que não são destes os filhos dela. Assim sendo, poderá ter casado uma única vez, com Joana de Azevedo, que na referida confusão é dita sua 2ª mulher. Esta Joana de Azevedo era, conforme também já ficou dito, filha da madrasta deste Diogo, ou seja, filha de Joana de Azevedo (2ª mulher de Lopo Martins da Mesquita) e de seu 2º marido Vasco Pereira de Sampaio.
4.5. Catarina da Mesquita, que Alão diz ter casado com Rui Correa, irmão da «amiga» de D. Afonso de Castro, filho primogénito do conde de Lemos, e que foram avós do galego Gonçalo de Queiroga.
4.6. Gaspar da Mesquita, escudeiro fidalgo da Casa Real, que Alão dá apenas casado com Aldonça de Meirelles. Gaio diz ter casado a 1ª vez com Catarina de Almeida, filha de João de Almeida, e a 2ª vez com Alda de Meirelles, natural de Vila Flor. Do 1º casamento teve João de Almeida, criado do infante D. Duarte, que a 14.8.1540 teve foro de escudeiro fidalgo da Casa Real, como filho de Gaspar da Mesquita e neto de Lopo Martins da Mesquita. Do 2º casamento teve Mécia da Mesquita, que Gaio diz ter casado com seu parente João de Almendra, juiz das sisas em Anciães e fidalgo da Casa Real, filho de João Fernandes de Almendra e Maria Fernandes. Diz este autor que se prova este casamento «pela procuração que fizeram a Pedro Rodrigues de Magalhães 1º Cap.am Mor da Vila de Anciães, e sua m.er Maria de Mesquita sua prima em 2º grau, e a seu irmão, e cunhado António de Mesquita, e sua m.er Violante Lopes da quinta do Toural na Vila de Anciães onde moravam, a seu irmão e cunhado Fernão de Mesquita natural de Moncorvo para se comporem nas demandas que traziam em Vila Flor com João de Prado, e sua m.er Alda de Meireles sobre as partilhas das Alfarelas na Vilhariça, e outros bens, declaram ser herança de seus avós João de Almendra e Mécia de Mesquita sua prima cuja procuração se acha na Nota que serviu no ano de 1569 até 1579 a fls. 79 de Magalhães Borges». Alão não fala em nenhum destes dois filhos, mas apenas num Jerónimo de Almeida da Mesquita (que pelo nome seria filho de Catarina de Almeida e não de Aldonça de Meirelles, como diz), que diz casado com uma Mécia da Mesquita, que não filia, e pais justamente da Alda da Mesquita casada com João do Prado que o texto de Gaio refere, e de um Fernão da Mesquita que teria casado com uma Violante Nunes de Meirelles e sido pais, nomeadamente, do António da Mesquita casado com Violante Lopes e do Fernão da Mesquita, também aí referidos, e portanto também de Maria da Mesquita casada com Pedro Rodrigues de Magalhães, capitão-mor de Anciães. Este último Fernão da Mesquita diz Gaio que casou com Violante de Soalhães, o que se confirma, pois trata-se do Fernão da Mesquita, escrivão da almotaçaria de Murça, que casou Violante de Soalhães Cabral, aí nascida, que são avós maternos de Simão Cabral, cavaleiro fidalgo da Casa Real e familiar do Stº Ofº a 27.11.1627, e avós paternos de sua mulher Violante da Mesquita.
4.7. Pedro da Mesquita, que tirou ordens menores em Braga e viveu na quinta de Corujeiras, em Vila Nova das Infantas, que teve por sua mulher Isabel Correa, filha herdeira de Pedro Lopes Correa, criado do duque de Bragança, senhor da dita quinta. Com geração nas quintas de Corujeiras e da Prelada.

2006





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